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Crise da Via: o que está acontecendo com as Casas Bahia?
A Via, empresa que administra as marcas Casas Bahia e Ponto, surpreendeu o mercado ao divulgar seu novo plano de negócios.
A estratégia, anunciada recentemente, inclui medidas radicais como o possível fechamento de até 100 lojas ainda este ano e a demissão de mais de 6 mil funcionários.
Além disso, a empresa pretende reduzir até R$ 1 bilhão em estoques e alterar a forma como capta recursos para financiar o crediário, uma das principais formas de pagamento oferecidas aos clientes.
Por que a Via está em crise?
As mudanças não ocorrem sem motivo.
Os últimos resultados financeiros da Via mostraram desafios significativos.
No segundo trimestre de 2023, a empresa registrou um prejuízo líquido de R$ 492 milhões, em contraste com o lucro de R$ 6 milhões no mesmo período do ano anterior.
Já nas lojas físicas, o valor total de vendas atingiu R$ 6 bilhões, um aumento de 1,6% em relação ao ano anterior.
Contudo no comércio online, o valor total de vendas caiu 5,1% em comparação com o ano passado, chegando a R$ 3,5 bilhões.
E no marketplace, a Via teve um volume de vendas de R$ 1,5 bilhão, um aumento de 9% em relação ao ano anterior.
Esses números revelam as dificuldades enfrentadas pela empresa no cenário econômico atual, marcado pela inflação, pelo desemprego e pela pandemia.
A Via atribuiu a queda do mercado e o cenário mais restritivo para compras online como fatores que impactaram negativamente seus resultados.
Como a Via pretende sair da crise?
A nova gestão da Via, liderada pelo presidente Renato Horta Franklin e pelo diretor financeiro Elcio Mitsuhiro, planeja promover uma série de mudanças na estrutura e na operação da empresa.
O objetivo é tornar a companhia mais rentável, competitiva e eficiente.
Fechamento de lojas
Uma das principais medidas é o fechamento de até 100 lojas consideradas deficitárias ou com baixo potencial de crescimento. Segundo Franklin, esse ajuste vai liberar R$ 200 milhões em estoques e reduzir os custos operacionais.
Possíveis demissões
Outra medida é a demissão de cerca de 6 mil funcionários, principalmente nas áreas administrativas e de logística.
A empresa espera economizar R$ 300 milhões por ano com essa redução de pessoal.
Além disso, a Via quer diminuir os estoques em até R$ 1 bilhão, transferindo os produtos de menor valor e margem para o marketplace.
Dessa forma, a empresa pretende focar nas vendas dos produtos mais caros e rentáveis nas lojas físicas.
Captação de recursos
A empresa também quer mudar a forma como capta recursos para financiar o crediário, colocando a carteira no mercado de capitais por meio de fundos de investimento em direitos creditórios (FIDCs).
Com isso, a empresa espera liberar R$ 5 bilhões em limites de crédito que poderão ser usados para outras finalidades.
Qual é a expectativa para o futuro da Via?
As medidas anunciadas pela Via têm como meta gerar um lucro líquido de até R$ 1 bilhão em 2023 e aumentar as vendas online para representar 50% do faturamento total da empresa.
Diante disso, a empresa também quer melhorar sua posição no ranking do varejo brasileiro, onde ocupa atualmente o quarto lugar, atrás do Magazine Luiza, do Grupo B2W e do Mercado Livre.
No entanto, a Via enfrenta alguns desafios para alcançar esses objetivos.
Um deles é a concorrência acirrada no setor de e-commerce, que exige agilidade, diversidade de produtos e qualidade no atendimento ao cliente.
Outro é a resistência de alguns acionistas, como Michael Klein, dono de 10% da empresa e filho do fundador Samuel Klein, que discorda das decisões da nova gestão e ameaça ir à Justiça para defender seus interesses.
Diante desse cenário, resta saber se a Via conseguirá superar a crise e se reinventar no mercado do varejo.
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