Árvores subfósseis nos Alpes Franceses revelaram uma tempestade solar extraordinária. Esta aconteceu no final da última Era Glacial, marcada por uma atividade solar intensa que bombardeou a Terra com partículas carregadas. Como resultado, houve um aumento significativo na produção de carbono radioativo, indicando a força desse evento.
É muito comum na mídia a recordação de uma tempestade solar poderosa ocorrida em 1859, conhecida como Evento Carrington. Ela foi tão poderosa que deu choques elétricos em operadores de telégrafos, enquanto outra em 1989 deixou milhões sem eletricidade por 9 horas. Mas, ao que tudo indica, tempestades ainda mais fortes podem ocorrer.
Substituindo o Evento Carrington
A sociedade moderna, dependente da eletricidade, teme a repetição de um Evento Carrington. Contudo, uma parceria anglo-francesa descobriu algo ainda mais preocupante. Grandes tempestades solares provocam um aumento na produção de vários isótopos radioativos na Terra, sendo o carbono-14 um deles. Este é criado quando partículas de alta energia do espaço colidem com átomos de nitrogênio na atmosfera, sendo incorporado em seres vivos, como as árvores.
Cientistas examinaram 140 troncos parcialmente fossilizados de Pinheiro Silvestre que estavam erodindo nas margens do Rio Drouzet. “Encontrar tal coleção de árvores preservadas foi verdadeiramente excepcional”, disse a Dra. Cécile Miramont da Universidade de Aix-en-Provence.
A equipe estava à procura dos chamados Eventos Miyake, marcados por dramáticos aumentos no carbono-14, geralmente considerados marcas de poderosas tempestades solares. Seis a oito desses eventos foram suspeitados antes deste estudo.
Uma descoberta sem precedentes
As árvores parcialmente fossilizadas de Drouzet adicionaram outro evento à lista – um que ocorreu há 14.300 anos. Para confirmar que isso não era algum fenômeno local estranho, Miramont e seus colegas procuraram beryllium-10 em núcleos de gelo da Groenlândia, encontrando um imenso aumento simultâneo. Este evento foi duas vezes maior que o evento Miyake original de 774 CE, e maior do que qualquer outro encontrado no registro, sendo pelo menos 10 vezes o tamanho do Evento Carrington.
“Tempestades solares extremas poderiam ter enormes impactos na Terra. Essas super tempestades poderiam danificar permanentemente os transformadores em nossas redes de eletricidade, resultando em enormes apagões durando meses”, disse o professor Tim Heaton da Universidade de Leeds. “Elas também poderiam causar danos permanentes aos satélites dos quais dependemos para navegação e telecomunicações, tornando-os inutilizáveis.”
É possível fortalecer nossos sistemas para lidar com tempestades maiores. No entanto, um longo período de um Sol relativamente calmo, combinado com a abordagem descuidada da humanidade ao planejamento de desastres, significa que pouco disso foi feito. “Um entendimento preciso de nosso passado é essencial se quisermos prever com precisão nosso futuro e mitigar riscos potenciais”, disse Heaton.