Teoria Curricular e Abordagens no Brasil

Neste artigo, exploraremos a relevância da teoria curricular e as diversas abordagens presentes no contexto educacional brasileiro. Com enfoque na obra de Bobbitt e sua influência na cultura curricular, bem como nos dois grandes eixos da teoria curricular, buscaremos compreender como o currículo escolar é moldado e reflete diferentes perspectivas sobre a educação. A análise histórica e crítica das teorias curriculares no Brasil nos permitirá compreender como elas moldam nossa prática educacional e como podemos promover uma educação mais inclusiva, reflexiva e transformadora.

O PAPEL DA TEORIA CURRICULAR E AS ABORDAGENS CURRICULARES NO BRASIL
QUESTIONÁRIO II – PLANEJAMENTO EDUCACIONAL A OBRA DE BOBBITT ESPELHA O DESEJO DE RACIONALIZAÇÃO TÉCNICA E INSTRUMENTAL DESEJADO PELA ECONOMIA AO PROPOR UM CURRÍCULO METODICAMENTE ORGANIZADO, MEDIDO, CONTROLADO E AVALIADO. NO BRASIL, ESSA CULTURA CURRICULAR FICOU CONHECIDA COMO TECNICISMO E SE MANTEVE NAS DÉCADAS DE 1960 E 1970 COMO UMA RENOVAÇÃO DO PENSAMENTO ESCOLANOVISTA ANTERIOR. SE PERCORRERMOS HISTORICAMENTE A TEORIA CURRICULAR, PODEMOS ANALISAR O CURRÍCULO ESCOLAR A PARTIR DE DOIS GRANDES EIXOS:

A Obra de Bobbitt e o Tecnicismo

1.1. Racionalização Técnica e Instrumental na Economia

A abordagem de Bobbitt está fundamentada na racionalização técnica e instrumental, buscando aplicar princípios da gestão industrial à educação. Essa perspectiva enfatiza a eficiência e a padronização dos processos educacionais, alinhando-se com o contexto da revolução industrial e o pensamento taylorista.

1.2. Influência de Bobbitt na Cultura Curricular Brasileira

No Brasil, a obra de Bobbitt exerceu significativa influência na construção da cultura curricular, especialmente no período em que a educação buscava modernização e alinhamento com as demandas do desenvolvimento econômico. A visão tecnicista ganhou espaço, enfatizando a aplicação de técnicas de gestão ao currículo, com ênfase na eficácia e eficiência.

1.3. Tecnicismo como Renovação do Pensamento Escolanovista

O tecnicismo pode ser compreendido como uma renovação do pensamento escolanovista anterior, incorporando abordagens mais objetivas e pragmáticas. A proposta era reorganizar o currículo para preparar o indivíduo para o mundo do trabalho, adaptando-se às necessidades da sociedade industrial em expansão.

Os Dois Grandes Eixos da Teoria Curricular

2.1. Eixo Normativo

2.1.1. Teorias Clássicas do Currículo

As teorias clássicas do currículo enfatizam a transmissão de conhecimentos e valores culturais consolidados. O currículo é visto como uma seleção dos conteúdos mais importantes para serem transmitidos aos alunos, buscando a formação de indivíduos aptos a reproduzir a cultura dominante.

2.1.2. Proposta da Escola Nova

A abordagem da escola nova surge como uma crítica ao modelo tradicional de ensino, enfatizando a valorização do aluno como sujeito ativo do processo educacional. Propõe uma educação mais centrada no aluno, com ênfase no desenvolvimento de suas habilidades e interesses individuais.

2.1.3. Reforma Curricular da Década de 60

Na década de 60, surgiram reformas curriculares com o objetivo de democratizar o acesso à educação e promover a cidadania. Essas mudanças buscavam adequar o currículo às necessidades da sociedade, com enfoque na formação integral dos estudantes e na participação ativa na construção de uma sociedade mais justa.

2.2. Eixo Crítico

2.2.1. Teoria Crítica do Currículo

A teoria crítica do currículo busca questionar as estruturas de poder e a reprodução de desigualdades sociais através do currículo. Propõe uma educação emancipadora, que estimule a reflexão crítica sobre a realidade e promova a transformação social.

2.2.2. Pedagogia Crítica

A pedagogia crítica aborda o currículo como uma ferramenta para conscientização e mobilização dos estudantes, estimulando a consciência política e a ação coletiva em prol de uma sociedade mais justa e igualitária.

2.2.3. O Currículo Oculto

O currículo oculto refere-se às mensagens implícitas transmitidas pelo ambiente escolar e pelas relações sociais no ambiente educacional. São conhecimentos, valores e normas que são aprendidos fora dos conteúdos formais, contribuindo para a formação dos estudantes de maneira sutil e muitas vezes inconsciente.

Conclusão

A análise histórica da teoria curricular e das abordagens curriculares no Brasil permite compreender a influência da obra de Bobbitt na cultura curricular do país. As diferentes perspectivas apresentadas pelos dois grandes eixos da teoria curricular refletem as distintas visões sobre o papel da educação na sociedade. Considerar os contextos socioeconômicos e políticos é essencial para a construção de um currículo que promova a cidadania e a transformação social, abrindo caminho para uma educação mais inclusiva, reflexiva e comprometida com a construção de um futuro mais justo e equitativo.