Pesquisadores desenterraram um papiro que lança luz sobre as últimas horas do filósofo grego Platão, marcadas por música e reflexões intensas, mesmo no limiar da morte. O documento foi encontrado em uma antiga vila romana em Herculano, enterrada sob cinzas vulcânicas após a erupção do Monte Vesúvio em 79 d.C.
O papiro, preservado sob camadas de cinza e agora decifrado graças a técnicas de diagnóstico por imagem avançadas, revela que Platão passou sua última noite ouvindo música tocada por uma escrava trácia.Apesar de febril, o filósofo manteve sua agudeza intelectual, criticando a falta de ritmo da música.
Prof. Graziano Ranocchia, da Universidade de Pisa e líder da equipe de pesquisa, compartilhou os detalhes da descoberta na Biblioteca Nacional de Nápoles.
“Essa é uma descoberta extraordinária que enriquece nosso entendimento da história antiga”, afirmou Ranocchia. “Agora podemos ler seções de textos antes inacessíveis, revelando não só detalhes pessoais da vida de Platão como também o local exato de seu sepultamento.”
Contrariando relatos anteriores, o papiro sugere que Platão foi enterrado em um jardim designado dentro da Academia de Atenas, por ele fundada e considerada a primeira universidade do mundo.
Além disso, o documento traz à tona uma parte obscura da vida do filósofo: sua venda como escravo na ilha de Aegina, muito antes do que se supunha anteriormente.
Domenico Camardo, arqueólogo do projeto de conservação de Herculano, comparou a devastação causada pelo Vesúvio à destruição de Hiroshima na Segunda Guerra Mundial, destacando a magnitude do evento que preservou o papiro até os nossos dias.
Este achado não apenas joga luz sobre os últimos dias de uma das figuras mais emblemáticas da filosofia ocidental mas também promete redefinir partes da história cultural antiga.
Segundo Ranocchia, ainda há muito o que explorar e entender. “O trabalho ainda está em seus estágios iniciais e o impacto total só será aparente nos próximos anos.”