A modalidade de trabalho home office tornou-se mais amplamente conhecida nos últimos anos, sobretudo pela necessidade de adaptação diante de um mundo infectado pela pandemia do coronavírus. Desse modo, com as medidas de distanciamento social e restrições de movimento implementadas para conter a propagação do vírus, muitas empresas viram-se forçadas a adotar o trabalho remoto como uma medida temporária de segurança.

No entanto, essa mudança, a priori temporária, acabou por demonstrar os benefícios e a viabilidade do trabalho remoto para as organizações que perceberam a possibilidade real dos funcionários em manter níveis produtivos mesmo trabalhando de casa. Os trabalhadores, por sua vez, apreciaram a flexibilidade, a eliminação do tempo de deslocamento e as oportunidades, outrora escassas, devido às limitações de distância entre seu local de residência e outros estados do país.

Assim sendo, trabalhar em casa tem sido um dos critérios que muitos profissionais elegem como cruciais na hora de aceitar uma proposta de emprego – a remuneração, muitas vezes, está em segundo plano. Aqueles que ainda não conseguiram migrar estariam dispostos a sacrificar uma porção considerável do seu salário, como mostra um novo estudo.

Profissionais sacrificariam até um terço do salário para trabalhar em casa

Conforme demonstra uma pesquisa recente, alguns profissionais na Austrália estão dispostos a abrir mão de parte de seu salário para ter a opção de trabalhar em casa. Cerca de um quinto dos trabalhadores estaria preparado para sacrificar entre 16% e 33% de seus ganhos para poder fazer isso, o que seria entre 12.000 e 24.000 dólares australianos.

Antes da pandemia, em 2016, apenas entre 2% e 8% da força de trabalho nas principais cidades da Austrália trabalhava em casa. Durante a pandemia, em 2021, esse número subiu para 21%. Uma pesquisa realizada no final de 2020 revelou que 31% estavam trabalhando de casa na maioria dos dias.

O estudo, que incluiu 1.113 trabalhadores nas 17 maiores áreas urbanas da Austrália, focou naqueles em empregos que poderiam ser feitos remotamente ou em locais centrais.

Como o estudo foi desenvolvido

Foi oferecido aos trabalhadores a opção entre oito formas de trabalho, cada uma com diferentes níveis de salário e flexibilidade para trabalhar em casa. Também foi perguntado sobre suas atitudes em relação ao trabalho remoto, experiência anterior, padrões de deslocamento e informações demográficas como idade, sexo, escolaridade e tamanho da família.

Uma parcela considerável, aproximadamente 23,5% de todos os trabalhadores, reconheceu os benefícios em termos de produtividade, saúde e bem-estar ao trabalhar em casa, mas ainda tinham preocupações sobre como isso poderia afetar suas relações no emprego, oportunidades de aprendizado e progressão na carreira.

Isso pode ser atribuído ao fato de que, antes da pandemia, não havia políticas e procedimentos sólidos para apoiar os trabalhadores remotos, o que gerava incertezas e preocupações adicionais.

Resultados: gênero e idade influenciam

Imagem: Canva

Mulheres valorizaram mais a capacidade de trabalhar em casa do que homens, em média 28% mais, sugerindo uma maior disposição das mulheres em equilibrar benefícios do trabalho flexível com perspectivas de carreira.

Trabalhadores entre 30 e 50 anos valorizaram mais o home office, enquanto aqueles na faixa dos 20 anos valorizaram menos, possivelmente devido à preferência por interações diretas no início de suas carreiras.

Trabalhadores da “economia do conhecimento” preferem trabalhar em casa

Os “trabalhadores do conhecimento” mostraram uma maior valorização do trabalho remoto. Estavam dispostos a renunciar a uma parte considerável de seu salário anual, entre US$ 12.000 e US$ 24.000, para ter essa opção.

Por outro lado, funcionários em empregos administrativos ou de baixo salário, como nos setores de varejo e formação, demonstraram uma menor valorização pela modalidade.

Trabalhadores de pequenas empresas também não atribuíram tanto valor à capacidade de trabalhar em casa, talvez devido à falta de recursos tecnológicos para apoiar essa prática.

A conclusão definitiva do estudo, segundo os autores, é a de que para muitos trabalhadores, tanto as interações presenciais quanto a flexibilidade são importantes. Portanto, encontrar um equilíbrio adequado se tornará cada vez mais necessária para quem emprega, especialmente depois que a pandemia mostrou quantos trabalhos podem ser feitos de casa.