O paradoxo de Fermi diz, resumidamente, o seguinte: o universo é gigantesco, e nesse espaço há muitas estrelas, nas órbitas das quais há também muitos planetas. Assim, deveria haver uma ou outra civilização inteligente por aí, pois mesmo que a existência de vida inteligente seja tão pouco provável, com a imensidão do universo, essa pequena probabilidade deve ter se tornado realidade em algum lugar. Porém, onde estão os alienígenas?
Para tentar solucionar o paradoxo de Fermi, surgiram diversas hipóteses, como O Grande Filtro, que diz que pode haver um filtro que impeça que a vida mais simples se torne inteligente. A Hipótese do zoológico é uma das hipóteses que trazem especulações sobre o paradoxo de Fermi.
Antes mesmo de Enrico Fermi falar sobre seus amigos cientistas, em 1950, no famoso Laboratório Nacional de Los Alamos sobre o que viria a se tornar o Paradoxo de Fermi, o que hoje conhecemos como a Hipótese do zoológico já era abordado na literatura e ficção científica. Mas essas menções tomaram maior destaque a partir da década de 1950, pois com a exploração espacial, os alienígenas passaram a se tornar um tema recorrente em livros e programas de rádio e TV.
Porém, o termo Hipótese do zoológico, ou Zoo Hypothesis, em seu nome original, em inglês, só foi cunhado em 1973, pelo astrofísico John A. Ball, pesquisador em Harvard e de um observatório do MIT. Ele publicou, naquele ano, um artigo no periódico Icarus.
No artigo, o pesquisador diz que não encontramos os alienígenas ainda porque eles não querem ser encontrados. O zoológico não é a comparação ideal, pois embora não possam sair de lá, os animais sabem da existência dos humanos. Entretanto, no artigo o pesquisador faz uma comparação com santuários para animais selvagens. É como se eles não quisessem falar com nós, por alguma razão – ou para não interferir na Terra e deixar nosso curso natural ocorrer, ou para evitar algum problema.
Mais recentemente, em dezembro de 2023, uma dupla de pesquisadores publicou um novo artigo falando sobre a Hipótese do zoológico no periódico Nature Astronomy. Eles basicamente dizem que se a hipótese do zoológico não explicar o paradoxo de Fermi, então não deve haver alienígenas.
“Aqui revisamos brevemente as tentativas de soluções para o paradoxo e concluímos que (1) civilizações tecnológicas extraterrestres são extremamente raras (ou ausentes) na Galáxia ou (2) elas existem, mas estão deliberadamente escondidas de nós, um cenário geralmente conhecido como a “hipótese do zoológico”. Nesse sentido, propomos que a resposta ao paradoxo de Fermi seja ‘a hipótese do zoológico ou nada’ “, dizem os pesquisadores no resumo do artigo.
“Argumentamos que, dado um forte compromisso com a exploração contínua do Universo, a humanidade pode ser capaz de distinguir entre essas duas alternativas no próximo meio século”, diz a dupla.
“Acho que a hipótese do zoológico é mais provável. Acredito que sim por causa (1) do Princípio Copernicano. Embora eu ache que a humanidade é algo muito especial, sendo uma forma de vida tecnologicamente avançada, não consigo entender que somos realmente únicos ou tão raros nessa capacidade que, por razões práticas, nada está lá fora”, disse ao Phys.org Schulze-Makuch, coautor do estudo citado.
O pesquisador cita como segundo motivo os Fenômenos aéreos não identificados (UAP, na sigla em inglês), ainda que esses objetos não sejam comprovadamente alienígenas.
“Embora não possamos fazer um verdadeiro argumento científico com base neles, dada sua natureza especulativa, há tantos casos agora, muitos com múltiplas linhas de evidência, que não podemos simplesmente ignorá-lo. E se alguns deles podem realmente ser atribuídos à ETI, isso significaria que eles não interferem nos assuntos da Terra ou, pelo menos, não em grande medida ou claramente visíveis para nós”, diz o cientista.