Um estudo recente liderado por pesquisadores da Universidade de York revelou um fenômeno semelhante à puberdade em plantas, especificamente em membros da família Brassica. Essa descoberta, publicada na revista Current Biology, lança nova luz sobre as mudanças hormonais que ocorrem à medida que as plantas fazem a transição de um estado juvenil para um estado adulto.
A equipe de pesquisa, liderada pelo Professor Ian Graham do Departamento de Biologia da Universidade de York, focou na Brassica rapa, uma espécie que inclui vegetais como nabos e bok choy. Suas descobertas revelam uma complexa interação de hormônios que regulam os estágios de desenvolvimento da planta.
O estudo identificou um período crucial no ciclo de vida da planta onde ocorrem mudanças hormonais significativas. “Descobrimos que existe uma fase ‘adolescente’ nas plantas quando elas passam por mudanças hormonais importantes”, explica o professor Graham. Esta fase é marcada por uma diminuição na giberelina, um hormônio promotor de crescimento, e um aumento no ácido jasmônico, que está associado aos mecanismos de defesa.
Essas mudanças hormonais preparam a planta para sua fase adulta, permitindo que ela responda de forma mais eficaz aos estresses ambientais e se prepare para a reprodução. Os pesquisadores descobriram que essa transição ocorre por volta de 25 a 35 dias após a germinação na Brassica rapa.
Compreender essa “puberdade vegetal” pode ter implicações significativas para a agricultura e o melhoramento de plantas. Ao manipular essas mudanças hormonais, os pesquisadores podem ser capazes de controlar quando as plantas florescem ou melhorar sua resistência a pragas e doenças.
“Se entendermos melhor esses sistemas, podemos desenvolver culturas mais resistentes a mudanças repentinas no clima ou danos causados por pragas”, disse a Dra. Katharine Hubbard, uma pesquisadora envolvida no estudo.
A pesquisa também oferece uma visão sobre por que as plantas atrasam sua transição para a fase adulta. O Professor Graham sugere que esse atraso proporciona uma vantagem evolutiva. Segundo ele, “ao prolongar a fase juvenil, as plantas têm mais tempo para crescer antes de desviar recursos para produzir flores e sementes”.
Essa estratégia permite que as plantas acumulem mais recursos, potencialmente levando a um maior sucesso reprodutivo quando eventualmente florescem.
Curiosamente, as mudanças hormonais observadas nas plantas Brassica têm alguma semelhança com a puberdade em animais. Embora os hormônios específicos sejam diferentes, o conceito de uma fase transicional marcada por mudanças hormonais é semelhante nos reinos vegetal e animal.
“As plantas não podem se mover, então precisam ser capazes de responder rapidamente ao seu ambiente através de hormônios e mudanças no desenvolvimento. Entender como as plantas fazem a transição entre estágios de desenvolvimento pode nos dar informações sobre como elas percebem e respondem ao ambiente”, observa a Dra. Hubbard.
A descoberta abre novas vias para pesquisas em biologia vegetal. A equipe planeja investigar se mecanismos semelhantes existem em outras espécies de plantas e como fatores ambientais podem influenciar essa fase transicional.