Embora possa surpreendê-lo, as emoções com valência negativa podem permitir-lhe alcançar a realização e o seu desenvolvimento humano. Para isso, basta entender qual estratégia aplicar em cada momento. Nós explicamos para você.

Raiva, tristeza, solidão, ódio, ciúme, medo, ansiedade… Ninguém gosta de vivenciar esses estados psicofisiológicos. O que é conhecido como emoções desagradáveis ​​ou “negativas” muitas vezes dificultam o seu funcionamento na vida diária. Além do mais, eles são tão desconfortáveis ​​que há quem opte por reprimi-los. Porém, o que isso consegue é agravar o desconforto.

Agora, Essas reações servem a um propósito biológico. Seu objetivo é facilitar sua adaptação e sobrevivência. Isso explica a importância de sintonizar e responder de forma eficaz ao que você sente. Da mesma forma, a psicologia insiste na necessidade de não processá-los como algo adverso, mas como uma realidade interna que deve ser compreendida e aceita.

O que são emoções “negativas” e o que fazer com elas?

O que são emoções desagradáveis ​​ou desconfortáveis?

Emoções difíceis são reações bioquímicas que geram uma sensação desagradável ou uma resposta associada. Surgem em relação a determinados eventos, pensamentos ou situações específicas que processamos como estressantes ou desafiadoras. Estes mecanismos tornaram mais fácil para nós, ao longo do tempo, responder às ameaças ambientais para avançarmos como espécie e grupos sociais.

Outro aspecto importante sobre esses estados é que eles possuem uma base fisiológica intensa. A liberação de certos hormônios e neurotransmissores pode desregular você, alterando o fluxo sanguíneo, a frequência cardíaca, a atividade cerebral, etc. Saber ouvir o seu corpo, entender como esse tipo de emoções se manifestam no seu corpo é um pilar básico do bem-estar.

Exemplos de emoções “negativas”

Embora seja comum usar o rótulo “negativo” ao falar sobre essas respostas biológicas, tenha sempre um detalhe em mente. Todos fazem parte do nosso DNA e, longe de serem contraproducentes, procuram motivar mudanças para facilitar a sua homeostase. O problema é que A maioria das pessoas opera em ambientes caóticos sem deixar espaço para prestar atenção ao que sentem.

Diante do exposto, são adquiridos hábitos inadequados como a repressão de emoções para manter a funcionalidade e a produtividade. Se você se reconhece nesta dinâmica, o mais aconselhável é melhorar suas habilidades de gestão emocional, e o primeiro passo é saber detectá-los, parar de processá-los como “ruins” e dar-lhes o nome que lhes corresponda. Alguns deles são os seguintes:

O que causa emoções desagradáveis ​​e por que as temos?

Emoções desagradáveis ​​são fonte de informação e aprendizado. Eles não surgem por acaso nem são um mecanismo aleatório do cérebro. São reações a desafios, ameaças reais ou irreais, são o produto da sua tentativa de sobreviver numa realidade complexa. Compreender seus gatilhos tornará mais fácil entendê-los.

Quais são os seus efeitos?

Certamente você já ouviu ou leu em mais de uma ocasião que emoções desagradáveis ​​nos deixam doentes. O que há de verdade nisso? Se são reações psicofisiológicas normais no ser humano, por que nos causam danos? A chave, como sempre, está na correta gestão destas realidades internas.

Quando o estresse se torna crônico ou certas experiências adversas não são integradas, aumenta o risco de surgirem certos problemas de saúde. Nesse sentido, uma publicação de Cérebro, Comportamento e Imunidade – Saúde nos conta como emoções difíceis podem mediar a inflamação.

Além do mais, Altos níveis de cortisol mantidos ao longo do tempo têm um grande impacto no corpo. Sem falar nos traumas da infância, naquelas experiências dolorosas desde cedo e seu impacto no desenvolvimento cerebral das crianças (maior impulsividade, falta de atenção, etc.). As adversidades, o sentimento de medo e ameaça acumulado ao longo dos anos, podem alterar o nosso bem-estar.

Como gerenciar esses estados emocionais?

Na prática clínica é comum encontrar pacientes que apresentam sérias dificuldades na compreensão e regulação dos seus estados psicofisiológicos. Um trabalho publicado em Emoção, destaca o fato de que Julgar as emoções como “boas” ou “ruins” tem impacto na própria saúde psicológica. Estas avaliações negativas dão lugar a mecanismos de sobrevivência prejudiciais.

Um exemplo claro disso é controlar o que você sente ou “consertar” a emoção difícil com comportamentos de fuga (fazer compras, comer produtos não saudáveis, etc.). Se você está se perguntando agora o que fazer com esse tipo de experiências internas, a verdade é que existe uma ampla gama de estratégias que você pode usar.

Autoconsciência e psicoeducação

Você sabia que o cansaço na tristeza tem como objetivo induzir em você a quietude e a introspecção? Ou que a raiva gera ativação física para você promover mudanças? A psicoeducação emocional facilita a correta compreensão de estados geralmente desconhecidos.

Como descrito em um estudo sobre Universidade de Foggiaprogramas psicoeducacionais entre estudantes reduzem os níveis de alexitimia melhorar a empatia e a regulação emocional. Nunca é demais começar compreendendo melhor esses processos biológicos e mentais. Nesse sentido, existem ensaios e livros especializados que podem ajudá-lo.

Por exemplo, o neurocientista Antonio Damasio é um dos expoentes mais proeminentes no estudo das emoções. Seu trabalho A sensação do que está acontecendo (2018) Permite-nos compreender como as emoções facilitam a construção da nossa consciência e identidade. Por sua vez, Tiffany Watt Smith mostra o impacto social e cultural que estes processos biológicos têm sobre Ele Atlas das Emoções Humanas (2022).

Da mesma forma, além de contar com essas ferramentas educacionais, É importante desenvolver uma boa autoconsciência. Ou seja, a capacidade de saber o que está acontecendo dentro de você. Desta forma, você se conectará melhor com essas emoções “negativas” para compreender sua utilidade e agir de forma regulada em seu próprio benefício.

O visual neutro: deixando espaço para sentiu emoção

Ao lidar com emoções difíceis, o mais comum é ignorá-las. Mesmo assim, o papel dessas reações desconfortáveis ​​é também indicar que o que você está fazendo na sua vida até agora não está funcionando de jeito nenhum. Você tem que mudar a ótica, a forma como você olha para essas realidades internas. Para este fim considere o seguinte:

Entenda o problema

As emoções “negativas” muitas vezes dificultam os processos cognitivos. Ou seja, quando a ansiedade e a raiva estão presentes, há dificuldade de pensar com clareza. Até, pode diminuir a capacidade de resolver desafios de forma eficiente. Se este for o seu caso, algumas estratégias podem ser estas:

Crie um kit de regulação emocional

O Universidade de Varsóvia sugere que Quanto mais intensas são as emoções, mais necessárias se tornam as técnicas de regulação. Eles são, por assim dizer, o primeiro passo na hora de gerenciar essas experiências internas. Embora o ideal seja não ficar obcecado em controlar sempre o que sente.

O saudável é tentar regular o que você vivencia, para não gerar comportamentos disfuncionais ou estados de desconforto. Se conseguir diminuir a carga psicofísica dessas respostas, conseguirá pensar e agir com maior equilíbrio. Oferecemos algumas chaves para criar seu próprio kit de sobrevivência.

Mude o que você puder

Existem evidências inegáveis. Vivemos em cenários sociais muito exigentes, mutáveis ​​e até caóticos em determinados momentos. Experimentar emoções desconfortáveis ​​é normal quando as circunstâncias são anormais ou complicadas. Esta é uma pequena nuance que deve sempre ser levada em consideração. Além disso, para reduzir o seu impacto será sempre aconselhável fazer alterações.

Se algo te machuca, angustia ou frustra, tente variar ao máximo para recuperar o equilíbrio. Apoie-se no seu ambiente, comece modificando pequenas coisas para, aos poucos, ganhar confiança e iniciar transformações mais drásticas, aquelas que você precisa para se sentir melhor.

Por outro lado, como disse o psiquiatra Viktor Frankl em O homem em busca de sentido (1946), “quando não podemos mais mudar uma situação, nos deparamos com o desafio de mudar a nós mesmos”. Esse será o momento de aceitar a sua realidade e procurar ajuda profissional para poder gerir o sofrimento, o desconforto, a ansiedade que não para, a tristeza que não tem remédio.

Desenvolver inteligência emocional (IE)

Uma ferramenta “de ouro” para gerir e compreender emoções difíceis é, sem dúvida, a inteligência emocional (IE). O desenvolvimento desta competência permitirá melhorar a sua autoconsciência, gerir o stress de forma mais adequada, lidar com conflitos com sucesso e otimizar a qualidade das suas relações sociais.

Ter uma boa habilidade nesta área não o tornará mais bem-sucedido ou feliz. O que você conseguirá é navegar muito melhor em seu mundo emocional, profissional e pessoal, resolver desafios e tomar decisões mais adequadas, reduzindo sua reatividade emocional e impulsividade.

Emoções difíceis e avassaladoras, mas necessárias

Os seres humanos não teriam chegado onde estão sem a presença genética de emoções desconfortáveis. Eles fazem parte de quem somos e nos fornecem informações e aprendizados valiosos. Agora, vivemos numa sociedade que frequentemente cai na “armadilha da felicidade”. É como se fôssemos obrigados a nos sentir felizes, motivados e confiantes em todos os momentos.

Porém, a pessoa habilidosa e competente não é aquela que está sempre feliz. Sábio é aquele que sabe o que fazer com suas emoções desagradáveis, sem reprimi-las ou se deixar levar por elas. Inteligente é alguém que deixa espaço para o que sente sem se julgar, para encontrar a melhor estratégia e seguir em frente. Embora isso às vezes signifique pedir ajuda especializada.