No conto “Um moço muito branco” a cidade desoladora nos olhos do menino
No conto “Um moço muito branco“, de Miguel Sanches Neto, apresenta a trajetória de um menino que percorre as ruas de São Paulo durante a noite em busca de cumprir uma missão dada por seu amigo Paraná. A cidade é retratada como um lugar desolador, que intensifica o conflito vivenciado pelo menino, gerando medo e sensação de opressão. Além disso, a obra aborda a questão das fronteiras sociais que separam os habitantes da cidade.
a) No conto, a preocupação de Paraná com o menino é indicada quando ele lhe dá a missão de buscar o embrulho em uma casa no Morumbi, um bairro de classe alta. Paraná sabe que a tarefa é arriscada, mas confia no menino para realizá-la. Ele também orienta o menino a ter cuidado com as pessoas que encontrará no caminho, mostrando sua preocupação com a segurança do garoto.
b) A atitude de Paraná que indica que a proteção pode ocultar interesses que expõem o menino a riscos é o fato de ele ter pedido para o menino pegar um objeto sem dizer o que era. O menino não sabia o conteúdo do embrulho que deveria buscar, o que o colocou em perigo e o expôs a riscos desconhecidos.
c) A cidade descrita no conto é desoladora e intensifica o conflito vivenciado pelo menino. A escuridão das ruas, os edifícios altos e sombrios, a falta de pessoas nas ruas e a sensação de abandono em uma cidade tão grande e movimentada contribuem para a atmosfera opressora. A cidade é retratada como um lugar hostil e perigoso para o menino, o que aumenta sua sensação de vulnerabilidade.
Embora o trajeto percorrido pelo menino não apresente problemas urbanos de infraestrutura tão urgentes, ele se sente oprimido e com medo por causa da sensação de isolamento e abandono que a cidade lhe causa. O fato de ele estar sozinho, sem o amparo de um adulto, também contribui para seu medo e insegurança.
O conto deixa explícitas as fronteiras sociais que separam os habitantes da cidade. O menino percorre bairros de classe alta e baixa, mostrando as diferenças socioeconômicas entre as áreas urbanas. Além disso, a falta de pessoas nas ruas e a ausência de interação social reforçam a ideia de que as fronteiras entre as classes sociais são nítidas e intransponíveis.
Conclusão:
Em conclusão, o conto “Um moço muito branco” traz reflexões importantes sobre a vida nas grandes cidades, especialmente no que diz respeito à violência urbana e às desigualdades sociais. Através do percurso desventuroso do menino, é possível perceber como a cidade pode ser um espaço opressor e excludente, onde certos grupos são marginalizados e expostos a situações de risco.
Além disso, o personagem ambíguo de Paraná demonstra a complexidade das relações interpessoais em contextos de vulnerabilidade social, em que a proteção e a exploração muitas vezes se entrelaçam.
Por fim, é importante destacar como a literatura pode ser uma ferramenta valiosa para a reflexão crítica sobre a realidade social, permitindo-nos compreender melhor as dinâmicas e os desafios presentes em nossas cidades e em nossas relações humanas.