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Em 2015, líderes mundiais entraram em consenso sobre a influência humana nas questões climáticas do planeta e estabeleceram o limite de aquecimento de 1,5°C pelo Acordo de Paris, um acordo internacional adotado durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP21).

O objetivo principal do acordo é limitar o aumento da temperatura média global a menos de 2°C acima dos níveis pré-industriais, buscando esforços para limitar o aumento a 1,5°C. O acordo foi ratificado por muitos países ao redor do mundo, com o objetivo de reduzir as emissões de gases de efeito estufa e ajudar a evitar os impactos mais danosos.

No entanto, pela primeira vez, o limite de aquecimento de 1,5°C durante um ano foi excedido. Embora esse fato não quebre o acordo, pode gerar resultados ruins a longo prazo. Mas, segundo os cientistas, ainda é possível fazer alguma coisa a respeito.

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O mundo está em seu período mais quente

Segundo o Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus da UE, o período de fevereiro de 2023 a janeiro de 2024 atingiu 1,52°C, violando o limite de aquecimento. A temperatura média da superfície do mar em todo o mundo também alcançou o seu nível mais alto já registrado, destacando ainda mais a tendência generalizada dos padrões climáticos.

Ainda que existam discordâncias entre os cientistas climáticos sobre o quanto exatamente a temperatura global aumentou, é unânime que o mundo encontra-se em seu período mais quente desde os primeiros registros modernos.

Desse modo, limitar o aumento da temperatura a longo prazo a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais – antes do início da intensa queima de combustíveis fósseis por parte dos seres humanos – tornou-se um símbolo central dos esforços internacionais para combater as mudanças climáticas.

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Um relatório histórico da ONU em 2018 afirmou que os riscos das alterações no clima, como ondas de calor extremas, aumento do nível do mar e extinção de espécies selvagens, eram significativamente maiores a 2°C de aquecimento do que a 1,5°C.

A queima de combustíveis fósseis e o El Niño

Chile teve incêndios florestais em várias regiões em fevereiro. Imagem: Divulgação / AFP / BBC News

O aumento da temperatura ao longo dos anos é principalmente causado pelas ações humanas, especialmente pela queima de combustíveis fósseis, que libera gases que retêm o calor na atmosfera, como o dióxido de carbono. Isso é responsável pela maior parte do calor registrado no último ano.

Além disso, nos últimos meses, o El Niño também contribuiu para o aumento da temperatura do ar, embora normalmente ele aumente apenas cerca de 0,2°C.

A média global da temperatura do ar começou a ultrapassar 1,5°C de aquecimento quase todos os dias no segundo semestre de 2023, quando o El Niño começou a ter efeito, e essa tendência continuou em 2024.

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Acredita-se que as condições do El Niño terminem nos próximos meses, o que pode levar as temperaturas globais a se estabilizarem temporariamente e depois a diminuírem um pouco, possivelmente retornando abaixo do limite de 1,5°C.

Contudo, devido ao contínuo aumento dos níveis de gases de efeito estufa na atmosfera causado pelas atividades humanas, é provável que as temperaturas continuem a subir pelos próximos anos.

Limitar o aquecimento global pode ser possível

Zeke Hausfather, cientista climático do grupo norte-americano Berkeley Earth, pontua que “[…] podemos, em última análise, controlar o nível de aquecimento que o mundo experimenta, com base nas nossas escolhas como sociedade e como planeta. A desgraça não é inevitável.”

Posto que o limite de aquecimento de 1,5ºC em um ano foi violado, o mundo registra progressos significativos e potenciais, como energias renováveis, tecnologia verde e carros elétricos.

Assim sendo, alguns dos cenários mais alarmantes de um aquecimento de 4°C ou mais neste século, que eram considerados possíveis há uma década, agora são vistos como menos prováveis devido às políticas atuais.

Há ainda, certo otimismo em relação à possibilidade de que o aquecimento global possa estabilizar quando as emissões líquidas de carbono atingirem zero.