De acordo com a análise de pesquisadores do Laboratório de Paleobiologia do Campus São Gabriel da Universidade Federal do Pampa [Unipampa], o fóssil de anfíbio gigante foi identificado como “mais antigo do que os dinossauros”.
A descoberta foi feita em rochas de uma fazenda na área rural do município de Rosário do Sul, mais precisamente em um sítio arqueológico. Segundo os envolvidos, acreditava-se que a espécie em questão existia apenas na Rússia; até agora.
Descoberta de fóssil de anfíbio gigante pode colocar em xeque a teoria da Pangeia
O achado paleontológico que os especialistas desenterraram recentemente está levantando uma fascinante possibilidade. De acordo com os estudiosos, essa descoberta sugere uma intrigante ligação entre os animais que habitavam o pampa gaúcho e aqueles da Rússia.
A conexão pode desafiar as nossas compreensões atuais sobre o ecossistema durante a era da Pangeia, quando todos os continentes eram um único bloco gigante.
Ao investigar os fósseis encontrados, os cientistas estão desenterrando pistas surpreendentes que sugerem uma relação mais estreita entre as espécies dessas regiões distantes do que se pensava anteriormente.
Isso lança uma nova luz sobre como os animais se moviam e evoluíam em um mundo que, naquela época, era um enorme quebra-cabeça geográfico.
A possibilidade de uma conexão entre a fauna do pampa gaúcho e a da Rússia abre uma janela para o passado, desafiando as concepções sobre a dispersão e interação das espécies durante um período crucial da história da Terra.
O fóssil de anfíbio gigante não apenas revela o que antes era desconhecido, mas também destaca a complexidade e a interconexão surpreendente dos ecossistemas pré-históricos.
“Focinho comprido”
Em agosto de 2022, o grupo de pesquisadores localizou os ossos fossilizados. No entanto, somente após uma análise minuciosa, que envolveu etapas como a cuidadosa limpeza e desacoplamento do fóssil da rocha, avaliação documental, coleta de dados e registros, os cientistas conseguiram determinar que o animal em questão habitou a Terra há cerca de 250 milhões de anos.
É importante notar que essa existência remonta a um período anterior à presença dos dinossauros, acrescentando uma camada intrigante à narrativa da evolução da vida na Terra.
As instalações da Unipampa tornaram-se o cenário para dar à nova espécie o nome de Kwatisuchus rosai. O termo “Kwati” é uma homenagem ao Tupi, representando “focinho comprido”, enquanto “rosai” é uma reverência ao paleontólogo Átila Stock Da-Rosa, pioneiro na área e afiliado à Universidade Federal de Santa Maria.
Desse modo, os cientistas concluíram que o anfíbio em questão faz parte do início do período Triássico, uma fase em que o ecossistema estava se recuperando de uma extinção massiva.
Origem dos anfíbios modernos
Conforme análise do fóssil de anfíbio, o animal desempenhou um papel crucial no ecossistema do período Triássico, integrando o grupo de animais dominantes da época.
Esses anfíbios, que atingiam proporções gigantescas, compartilhavam semelhanças marcantes em termos de aparência e estilo de vida com os crocodilos.
A importância dessa descoberta vai além da mera identificação de uma nova espécie, pois lança luz sobre a história evolutiva desses animais e sua influência sobre os anfíbios modernos, como sapos, salamandras e cobras-cegas.
Estudos detalhados sobre a evolução desses anfíbios sugerem que o grupo ao qual o Kwatisuchus rosai pertence desempenhou um papel fundamental na origem dos anfíbios que conhecemos hoje.
Felipe Pinheiro, professor da Unipampa e doutor em paleontologia, afirma que o fóssil de anfíbio “Trata-se de uma espécie completamente nova do grupo dos anfíbios temnospôndilos. Ele tem corpo comprido. Passava a maior parte na água e tinha um estágio girino, como os atuais anfíbios”.