Apophis é um corpo celeste de formato alongado, que se parece com um amendoim, possui um diâmetro de aproximadamente 340 metros, o que é próximo à altura da icônica Torre Eiffel. Ainda que suas dimensões o tornem um objeto impressionante, sua massa não é suficiente para que seja classificado como um “destruidor de planetas”.
No entanto, o seu tamanho ainda é capaz de causar devastação significativa, sendo capaz de destruir uma grande cidade e gerar consequências climáticas em escala global. Este objeto, classificado como “potencialmente perigoso”, foi identificado pela primeira vez em 2004 e recebeu o nome de Apep, o deus serpente egípcia associado à escuridão e ao caos, o que lhe valeu o apelido de “Deus do Caos”.
Desse modo, um novo estudo revela que, embora o risco seja pequeno e frequentemente subestimado, existe uma possibilidade de que o asteroide Apophis possa colidir com a Terra durante sua passagem extremamente próxima em 2029.
As chances de um impacto dessa magnitude são muito baixas, estimadas em mais de uma em um bilhão. Contudo, só podemos afirmar com certeza que essa ameaça está completamente descartada daqui a cerca de três anos.
Perigo iminente?
Logo após a descoberta do asteroide Apophis, os astronômicos anunciaram que ele faria uma passagem extremamente próxima da Terra em 13 de abril de 2029, o que gerou preocupações sobre a possibilidade de uma complexidade com o planeta.
Entretanto, observações posteriores mostraram que o asteroide passará com segurança, a uma distância de menos de 32.000 quilômetros da Terra, o que equivale a menos de um décimo da distância até a Lua, segundo a NASA.
Ainda assim, essa proximidade pode ser suficiente para que o Apophis atinja alguns dos satélites que orbitam a Terra em regiões mais afastadas.
Asteroides grandes como o Apophis podem, no entanto, ter suas trajetórias modificadas por colisões com asteroides menores, como demonstrado pela missão DART da NASA, que em 2022 conseguiu redirecionar o asteroide Dimorphos ao colidir com uma nave espacial.
Pesquisadores já haviam alertado que esse tipo de desvio poderia acontecer com o Apophis nos próximos cinco anos, colocando-o em uma rota de ataques com a Terra, tornando-o uma ameaça real.
No estudo recente, publicado no The Planetary Science Journal, o astrônomo Paul Wiegert, especialista em dinâmica do sistema solar da Western University, no Canadá, calculou as probabilidades desse cenário se concretizar. Ele concluiu que as chances são extremamente remotas, mas não é impossível.
Asteroide não descoberto
Em março, Paul Wiegert colaborou em um estudo que analisou o risco de Apophis ser desviado por algum asteroide já conhecido e chegou à conclusão de que essa possibilidade era inexistente. Nesta ocasião, os cientistas alertaram para a possibilidade de que um asteroide ainda não identificado pudesse colidir com o Apophis.
No estudo mais recente, Wiegert utilizou simulações computacionais para avaliar a probabilidade de um asteroide não detectado — seja pequeno demais ou posicionado de forma que o Sol o torne invisível para nós — colidir com Apophis nos próximos cinco anos.
As simulações indicaram que as chances de um asteroide desconhecido colidir com Apophis e alterar sua trajetória atual são extremamente baixas, inferiores a uma em um milhão. A probabilidade de que tal detalhe desvie Apophis o suficiente para alterar sua aproximação de 2029 é ainda menor, estimada em menos de um em um bilhão, segundo o estudo.
Mesmo no cenário apresentado de uma oposição, não se pode afirmar que isso faria Apophis se aproximar mais da Terra, já que uma mudança de rota poderia, de fato, afastá-lo. Isso faz com que as chances de um impacto direto se tornem ainda mais remotos.
Após 2029, Apophis continuará fazendo aproximações frequentes da Terra, como em 2021. Aproximações especialmente próximas ocorrerão em 2051, 2066 e 2080, mas os modelos indicam que ele não representará perigo para a Terra nos próximos 100 anos.