É comum a crença de que os tubarões, assim como muitos peixes, não podem cessar o movimento, pois precisam manter uma corrente contínua de água passando por suas guelras para obter oxigênio. Mas um novo estudo publicado no Journal of Fish Biology mostrou que algumas espécies de tubarões podem sim descansar parados sem riscos de asfixia.
Enquanto a maioria dos peixes tem a capacidade de ficar parada e ainda assim respirar ao bombear água através das guelras com movimentos bucais, existem espécies que necessitam manter-se em movimento constante, sendo conhecidas como ventiladores RAM obrigatórios. Estes não conseguem bombear água quando estão parados.
O tubarão-cinzento-dos-recifes (Carcharhinus amblyrhynchos) era tido como um exemplo desses nadadores contínuos. No entanto, pesquisadores da organização Save Our Seas observaram um comportamento que desafiou essa concepção.
Durante mergulhos nas ilhas das Seicheles, os cientistas registraram tubarões-cinzentos-dos-recifes repousando tranquilamente no leito marinho sob as saliências dos recifes.
Se estes tubarões fossem de fato ventiladores RAM obrigatórios, o ato de descansar resultaria em asfixia, especialmente em condições de correntes fracas, como as observadas em algumas das expedições. No entanto, enquanto os tubarões jaziam imóveis, os mergulhadores notaram que eles realizavam movimentos mandibulares semelhantes aos peixes que bombeiam água para respirar.
O estudo relatou avistamentos de tubarões cinzentos de recife descansando em dois locais distintos. O primeiro ocorreu em setembro de 2022, com três tubarões cochilando juntos, mas orientados em diferentes direções, sugerindo a possibilidade de respiração por bombeamento bucal, independente das correntes. Em visitas subsequentes ao mesmo local, em abril de 2023, os mergulhadores encontraram até quatro tubarões repousando na mesma área.
“Os tubarões-cinzentos-dos-recifes são geralmente considerados como o tubarão estereotipado que ventila, incapaz de descansar, portanto, encontrá-los descansando realmente vira de cabeça para baixo os fundamentos de nossa compreensão desses tubarões”, diz Robert Bullock, biólogo marinho e autor principal do estudo em um comunicado. “A descoberta também tem um impacto indireto sobre as suposições que fazemos ao fazer ciência com esses tubarões”, completou ele.
