A lula colossal é a maior espécie de lula conhecida no planeta. De nome científico Mesonychoteuthis hamiltoni, é a única espécie do gênero Mesonychoteuthis. Agora, foi registrado o que pode ser a primeira filmagem de uma lula colossal vivendo livre, já que o animal é muito misterioso para nós.
Podendo ultrapassar os 15 metros de comprimento, pouco se sabe sobre a lula colossal, que é o maior invertebrado do planeta Terra.
Elas vivem em áreas muito profundas do oceano, onde não acessamos facilmente nem de maneira robotizada. Assim, pouco sabemos sobre as lulas colossais, já que as interações humanas com esses animais ocorreram sempre com espécimes fora de seu habitat natural, onde o comportamento é bem diferente. Alguns dos registros, também, foram de lulas colossais mortas.
Seria essa a primeira filmagem de uma lula colossal vivendo livre?
Em janeiro de 2023, no Oceano Antártico, uma câmera subaquática capturou algo interessante. Uma lula movia-se pela água sozinha a 575 metros de profundidade. Acredita-se que essa seja a primeira filmagem de uma lula colossal vivendo livre. Se confirmado, esse é um grande feito para o conhecimento sobre esses misteriosos animais das profundezas do oceano.
A câmera pertente a Matthew Mulrennan, fundador da organização sem fins lucrativos Kolossal. A ONG realiza expedições para filmar a vida marinha exótica e realiza diversas campanhas em prol da proteção dos habitats desses animais.
A organização foca principalmente nas lulas colossais. A ideia é filmá-las em seu habitat natural para documentar e transformar o animal em um símbolo pela proteção e preservação dos oceanos e das espécies que nele habitam.
Entretanto, se é ou não uma lula colossal, ainda precisa ser confirmado, já que pode ser um jovem da espécie, ou um adulto da espécie Galiteuthis glacialis, ou até mesmo alguma espécie de lula ainda não descrita.
As lulas colossais
Em 1925, o zoólogo Guy Robson descreveu pela primeira vez a lula colossal, quando encontrou nas ilhas Malvinas, na Argentina, um cachalote com dois tentáculos de lulas colossais em seu estômago. Depois disso, houve raras interações ou vistas do animal.
A primeira lula colossal inteira foi capturada em 1981 por pescadores soviéticos, que a fotografaram. Houve outras capturas em anos posteriores, como em 2003, por pescadores neozelandeses, em 2005, em 2007 e em 2008, por pescadores russos.
A maior parte dessas capturas ocorreram entre a Antártica e a América do Sul.
Apesar desses avistamentos, no entanto, nunca uma lula colossal foi vista em seu habitat natural, sem perturbações humanas, como a incômoda captura por barcos de pescas. Quando retiradas do fundo do mar, as pesadas lulas colossais têm até mesmo seu formato alterado. Assim, seu comportamento e anatomia só estão intactos no fundo do mar, extremamente pressurizado.
A missão de Mulrennan
Mulrennan e seus colegas da Kolossal realizaram quatro viagens entre dezembro de 2022 e abril de 2023, passando por diversas áreas do círculo Antártico e lançando a câmera às profundezas do mar diversas vezes, em busca do maior invertebrado do mundo, na intenção de realizar a primeira filmagem de uma lula colossal vivendo livre.
“A gente colocava a câmera na água à meia-noite ou 1h da manhã, ficava acordado até as 4h ou 5h da manhã e depois tinha que levantar às 6h ou 7h”, disse à Smithsonian Magazine Jennifer Herbig, doutoranda da Memorial University em Terra Nova e Labrador, uma tripulante das missões da Kolossal.
Foram coletadas 62 horas de imagens em alta definição onde diversas espécies exóticas foram registradas.
Agora, os pesquisadores pretender voltar à Antártica em novembro de 2024 para realizar novas buscas por imagens com outros equipamentos.
“Se encontrar a lula gigante foi como pousar na Lua, então encontrar a lula colossal será como pousar em Marte”, diz Mulrennan.