É evidente que há uma demanda pública, cada vez mais intensa, por ações concretas para enfrentar os desafios ambientais e climáticos. Desse modo, a energia renovável é frequentemente vista como uma parte essencial das soluções para esses problemas, sobretudo com a produção de energia limpa.
A dependência de fontes de energia não renováveis, como o petróleo e o gás natural, pode tornar os países vulneráveis a interrupções no fornecimento, flutuações de preços e instabilidade geopolítica. As energias renováveis, muitas vezes, oferecem uma fonte de energia mais estável e confiável.
É nesse contexto que a China pode se tornar “líder mundial” na produção de e transmissão de eletricidade limpa e barata, tendo em vista o imenso deserto de Gobi e de outros desertos no noroeste do país.
Além de elevar os padrões de vida da população, a engenharia empregada nesse processo também aumenta a competitividade da China em setores de alta tecnologia, como a inteligência artificial (IA).
Deserto de Gobi e seu potencial energético
Os especialistas que lideram essa mudança no cenário energético estimam que a capacidade instalada atual para geração de energia no noroeste da China atinge quase 500 gigawatts. Quando consideramos a vasta extensão do deserto de Gobi na região adjacente da Mongólia Interior, esse número aumenta para cerca de 600GW.
Apesar da natureza imprevisível das fontes renováveis, essas usinas de energia renovável (sobretudo solar e eólica) conseguem manter uma eficiência média de utilização superior a 95%.
Até agora, nenhum outro grande sistema elétrico regional conseguiu integrar de forma tão eficaz uma parte tão significativa de energia renovável, mantendo altos níveis de utilização ao longo do ano.
A China agora é capaz de gerar quase metade da capacidade de geração de energia dos Estados Unidos, graças às fontes renováveis nos desertos de Gobi e ocidentais.
Essa energia renovável pode satisfazer as demandas internas usando tanto energia solar fotovoltaica quanto turbinas eólicas. Teoricamente, essa conquista também poderia impulsionar a China na competição pela liderança em IA com os Estados Unidos.
Noroeste chinês e sua controversa riqueza natural
O noroeste da China, composto por cinco províncias do interior, incluindo Xinjiang, abrange uma área superior a cerca de 3 milhões de quilômetros quadrados, o que o torna maior que a Índia.
No passado, essa região foi considerada uma das áreas mais subdesenvolvidas e empobrecidas da China, devido à sua distância do oceano e ao terreno difícil, caracterizado por desertos severos, como o Gobi e o Taklimakan.
Apesar dessas características desafiadoras, o noroeste da China possui recursos naturais abundantes, incluindo petróleo, carvão e energia renovável.
Atualmente, a energia renovável na região possui uma capacidade total instalada de 230 GW, com metade da eletricidade sendo transmitida por meio de 10 linhas de transmissão de corrente contínua de ultra-alta tensão para as densamente povoadas províncias costeiras orientais.
Potenciais recursos para IA
A engenharia chinesa pode desempenhar um papel crucial na segurança nacional durante a próxima revolução de IA. Assim sendo, o fornecimento de energia desempenhará um papel crucial na competição iminente entre China e Estados Unidos pela liderança na produção de chips.
Contudo, o governo Biden proibiu a venda de chips avançados de IA para a China, numa tentativa de frear o avanço do país nesse campo.
Isto não parece necessariamente ser um problema para os chineses, pois à medida que o fornecimento de eletricidade na China se expande, as empresas do país podem alcançar resultados semelhantes no treinamento de IA, mesmo com chips menos avançados.