Seus genes podem determinar o vegetarianismo, mas obviamente em partes. Nenhum gene é determinante para que algo ocorra somente por si mesmo. Fenótipo é o termo que descreve a interação do genótipo com o ambiente. Ou seja, os genes podem determinar algo em partes, mas há uma grande influência do ambiente.

Entretanto, ainda assim, os genes podem surtir um grande efeito no comportamento ou na vida de uma pessoa.

Genes e o vegetarianismo

Pesquisadores encontraram dois genes envolvidos no metabolismo de gordura que podem estar associados à probabilidade uma pessoa seguir uma dieta vegetariana. Dos três genes mais importantes encontrados até o momento associados a essa questão, dois são envolvidos com o metabolismo de gordura.

Os pesquisadores publicaram seus resultados em um artigo no periódico PLoS ONE.

“Talvez haja alguma gordura que seja essencial para algumas pessoas terem em sua dieta, mas não para outras”, disse o pesquisador Nabeel Yaseen ao New Scientist.

“Todos os seres humanos são capazes de subsistir a longo prazo com uma dieta vegetariana estrita? Esta é uma questão que não foi seriamente estudada”, disse o Dr. Nabeel Yaseen em um comunicado.

O Dr. Yaseen é professor emérito de patologia da Faculdade de Medicina Feinberg da Universidade Northwestern.

“Parece que há mais pessoas que gostariam de ser vegetarianas do que realmente são, e achamos que é porque há algo programado aqui que as pessoas podem não perceber”, diz Yaseen.

O pesquisador diz isso pois cerca de metade dos que se identificam como vegetarianos relatam ter comido carne vermelha, aves ou peixes. Assim, ele acredita que possa haver alguma razão biológica para isso.

Em uma amostra de mais de 330 mil pessoas – cerca de 5 mil vegetarianos de 329 mil pessoas do grupo controle -, pesquisadores compararam dados genéticos. Assim, eles identificaram três genes fortemente associados ao vegetarianismo e mais 31 genes potencialmente associados.

Dois desses três genes – NPC1 e RMC1 -, estão envolvidos no metabolismo de gordura.

É com base nisso, portanto, que o pesquisador postula que por alguma razão ligada ao metabolismo lipídico, algumas pessoas podem ser geneticamente mais propensas a se manterem vegetarianas, já que possuem uma versatilidade alimentar maior.

“Uma área em que os produtos vegetais diferem da carne são os lipídios complexos”, disse Yaseen no comunicado. “Minha especulação é que pode haver componentes lipídicos presentes na carne que algumas pessoas precisam. E talvez pessoas cuja genética favorece o vegetarianismo sejam capazes de sintetizar esses componentes endogenamente. No entanto, neste momento, isso é mera especulação e muito mais trabalho precisa ser feito para entender a fisiologia do vegetarianismo”.

Os pesquisadores tomaram cuidados para obter uma amostra mais homogênea possível, a fim de não obter vieses culturais ou religiosos, já que isso pode influenciar a forma como a pessoa se alimenta.

“Embora considerações religiosas e morais certamente desempenhem um papel importante na motivação para adotar uma dieta vegetariana, nossos dados sugerem que a capacidade de aderir a essa dieta é limitada pela genética”, disse Yaseen.

Entretanto, não é um ponto final. Muito ainda precisa ser estudado a fim de entender melhor essa possível relação genética com o vegetarianismo, já que há inúmeras variáveis em jogo a fim de se entender melhor o problema.

“Esperamos que estudos futuros levem a uma melhor compreensão das diferenças fisiológicas entre vegetarianos e não vegetarianos, permitindo-nos assim fornecer recomendações dietéticas personalizadas e produzir melhores substitutos de carne”.

O vegetarianismo no Brasil

Cada dia mais, o vegetarianismo e o veganismo crescem. Hoje, a causa animal está mais em alta, e muitas pessoas estão preocupadas com o clima.

Segundo a SVB (Sociedade Vegetariana Brasileira), 14% dos brasileiros se dizem vegetarianos. Entretanto, em alguns países, essa porcentagem se demonstra muito menor.