O universo é um lugar repleto de mistérios cósmicos e entre eles está o Planeta Nove cuja existência segue sendo motivo de debates. Também conhecido como Planeta X, este foi o nome dado por cientistas no começo do século XX, décadas após a descoberta de Netuno. O Planeta Nove supostamente estaria orbitando as regiões externas do nosso sistema solar, estando além de Plutão.
Desde então, tenta-se provar a existência do Planeta Nove. Um exemplo foi um estudo de 2021 que analisou dados de um telescópio dos anos 80. Como podem imaginar, os cientistas não conseguiram obter nenhuma evidência conclusiva. Porém os esforços na caçada desse misterioso planeta ainda não cessaram. No final do mês passado tivemos um novo estudo, desta vez conduzido por um professor de Astronomia do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech), o Dr. Mike Brown.
O Dr. Brown deu uma entrevista recente para o site Universe Today onde ele diz que “estamos tentando cobrir sistematicamente todas as regiões do céu onde prevemos que o Planeta poderia se encontrar”. Para isso ele e sua equipe utilizaram o Panoramic Survey Telescope and Rapid Response System, Pan-STARRS, que é um sistema de observação astronômica localizado no Observatório Haleakala do Havaí. Ele surgiu de uma colaboração entre pesquisadores do Instituto de Astronomia da Universidade do Havaí e financiamento da Força Aérea dos Estados Unidos.
A equipe da Caltech utilizou como base do seu estudo um conjunto de dados do Data Release 2 para reduzir as possíveis localização do Planeta Nove. Eles publicaram seus resultados no site da arXiv, um serviço de distribuição livre de artigos científicos. Os pesquisadores conseguiram eliminar cerca de 78% de todas as regiões onde o planeta poderia estar.
Existência do Planeta Nove explicaria órbitas do sistema solar
Embora não tenha encontrado o Planeta Nove ainda, que Dr. Brown disse ser o seu objetivo principal, ele acredita que o estudo deu um avanço significativo na busca. Além disso, ele adiciona que o Legacy Survey of Space and Time (LSST) provavelmente será a pesquisa que enfim conseguirá encontrá-lo. O LSST será uma pesquisa com uma estimativa de duração de 10 anos do Observatório Vera C. Rubin no Chile. O observatório ainda está em construção e uma vez terminado ele iniciará um programa que vai estudar o céu do sul.
O LSST não tem como objetivo identificar o Planeta Nove e sim asteroides próximos ao nosso planeta e qualquer outro corpo planetário dentro do sistema solar. Ele também irá observar o espaço profundo, investigando propriedades de matéria e energia escura que serão utilizados no estudo da evolução da Via Láctea. Então existe uma possibilidade que durante esse período o LSST acabe levantando dados que ajudem a encontrar o Planeta Nove se ele de fato existir.
O interesse do Dr. Brown em encontrar o planeta é por conta do seu tamanho. A estimativa é que ele tenha uma massa que está entre a da Terra e de Urano. Planetas dessa magnitude são bem comuns em outros sistemas solares, porém ter um deles tão próximo do nosso representaria uma grande vantagem para os astrônomos.
O professor também adiciona que a existência do Planeta Nove ajudaria a explicar órbitas de outros objetos fora do nosso sistema solar que até então também seguem como mistérios.
“O agrupamento das direções das órbitas é o melhor conhecido, mas há também as grandes distâncias de periélio de muitos objetos, a existência de objetos altamente inclinados e até mesmo retrógrados, e a alta abundância de órbitas muito excêntricas que se cruzam dentro da órbita de Netuno. Nada disso deveria acontecer no sistema solar, mas todos são facilmente explicáveis como um efeito do Planeta Nove.”
A existência do Planeta Nove segue um enigma da astronomia, porém as recentes descobertas indicam que a resposta pode estar bem próxima.