Em 24 de setembro de 2023, uma caixa retornou à Terra, caindo dos céus com um paraquedas. Esta caixa foi resultado de uma missão não tripulada de 7 anos no espaço. A sonda OSIRIS-REx, da NASA, coletou amostras do asteroide Bennu.

Os cientistas se interessaram por Bennu por ser um material bastante “puro”. Ele possui uma assinatura da composição que carregavam os primeiros corpos que se formaram, nos primórdios do sistema solar. O asteroide é, possivelmente, um fragmento de um corpo maior. Então, ele pode ter muito a contar para os cientistas.

“Embora os planetas e luas tenham mudado ao longo dos milênios, muitos desses pequenos corpos de gelo, rocha e metal não mudaram”, disse Lori Glaze, chefe da Divisão de Ciência Planetária da NASA, em uma coletiva de imprensa, na época em que as amostras foram coletadas, há alguns anos. “Portanto, os asteróides são como cápsulas do tempo flutuando no espaço que podem fornecer um registro fóssil do nascimento de nosso sistema solar”.

Asteroide Bennu pode ter sido parte de um mundo oceânico

As amostras recolhidas foram repartidas entre diversas universidades e institutos de pesquisa. Entre eles, está a Universidade do Arizona, que recebeu cerca de 200 miligramas (mg) de material.

Amostras do asteroide Bennu alojadas na sonda OSIRIX-REx. Imagem: NASA/Erika Blumenfeld & Joseph Aebersold

“Temos mais de 1.000 partículas maiores que meio milímetro, 28 partículas maiores que um centímetro e a maior partícula tem 3,5 centímetros. Então, uma grande coleção cheia de pedras realmente grandes”, disse ao Space.com Dante Lauretta, da Universidade do Arizona, principal pesquisador da missão OSIRIS-REx.

“Vamos ficar ocupados por muito, muito tempo”, diz o pesquisador. “Esta é uma enorme quantidade de amostra para nós”.

As ricas amostras de Bennu são quase intocadas. Diferente dos planetas, os asteroides interagem pouco com outros corpos do sistema solar ou consigo mesmos. Assim, ficam por bilhões de anos com a mesma composição. Eles são verdadeiros livros de história sobre o sistema solar.

As amostras coletadas pela missão contém minerais que capturaram água, além de carbono, nitrogênio, enxofre e fósforo.

Crosta de fosfato e mundos oceânicos

O asteroide Bennu pode ter sido parte de um mundo oceânico. Lauretta afirma isso pela presença de uma crosta de fosfato. Ele relata nunca ter visto isso em meteoritos.

Fosfato nessas concentrações, conforme informa Lauretta, foram vistos, por exemplo, na lua Encélado, um dos satélites naturais de Saturno, um mundo oceânico.

“O asteroide Bennu pode ser um fragmento de um antigo mundo oceânico. Isso ainda é altamente especulativo. Mas é a melhor pista que tenho agora para explicar a origem desse material”, explicou o pesquisador ao Space.com.

Ele diz, ao portal, que o material coletado pela sonda OSIRIX-REx no asteroide Bennu, que está sendo analisado, é “distinto e diferente de qualquer outra coisa em nossa coleção de meteoritos isotopicamente, o que é emocionante”, disse Lauretta. “Há todo um reino de material ao qual nunca temos acesso se dependermos apenas de meteoritos”

O cientista conta que sua pesquisa e os resultados que estão sendo encontrados até o momento começarão a ser divulgados em detalhes para o mundo em breve, a partir de março, quando ocorrerá a 55ª Conferência de Ciência Lunar e Planetária do próximo mês, realizada em The Woodlands, no estado do Texas, nos EUA.

“A partir de março, tudo isso vai ser liberado para o mundo. Então, a equipe está trabalhando furiosamente”, disse Lauretta.

O asteroide deve mostrar aos pesquisadores muito sobre o passado do sistema solar, trazendo pistas até mesmo sobre o passado do planeta Terra e de outros planetas rochosos.