A Administração Oceânica e Atmosférica Nacional, ou NOAA, é uma instituição fundada durante o governo de Richard Nixon que uniu várias agências históricas americanas como a US Coast and Geodetic Survey, o Weather Bureau e a US Commission of Fish and Fisheries. A NOAA desempenha funções de previsão do tempo, monitoramento das condições oceânicas e atmosféricas, mapeamento dos mares, conduzir a exploração em águas profundas, gerenciar a pesca e cuidar da proteção de mamíferos marinhos e espécies ameaçadas de extinção na zona econômica exclusiva dos Estados Unidos.

Por estarem sempre monitorando os mares, os cientistas da NOAA detectam centenas de sons vindo do fundo do oceano. Porém nem todos os sons gravados pelo departamento conseguem ser identificados pela sua equipe. Um deles, que já não tem mais o título de sem explicação, era o famigerado “Bloop”. 

No meio do Oceano Pacífico existe uma região chamada de Ponto Nemo que é considerada o local mais remoto do nosso planeta. A terra mais próxima do Ponto Nemo fica há mais de 2,5 mil quilômetros. Essa distância chega a ser oito vezes maior do que quando os astronautas a bordo da Estação Espacial Internacional estão sobrevoando os mares. Além de ser uma região extremamente isolada, existem poucos peixes no Ponto Nemo e navios pescadores não passam muito por lá. Sendo assim, o lugar virou uma espécie de cemitério de naves espaciais. Vários satélites antigos e até mesmo a estação espacial Mir se encontram no fundo do Ponto Nemo.

Foi nessa mesma região que a NOAA detectou um misterioso som de frequência baixíssima em meados de 1997, chamado de “Bloop”, através de hidrofones que foram espalhados pelo Oceano Pacífico. O que chamou atenção dos cientistas foi a altura daquele barulho, um dos mais altos já registrados embaixo d’água. Tanto que os hidrofones que captaram o som estavam há 3 mil quilômetros de distância do seu lugar de origem. 

Uma das estações da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional. Imagem: NOAA

Houve muitas especulações sobre o que teria causado o “Bloop”. Para o oceanógrafo Chris Fox, que trabalhava para a NOAA naquele período, era provável que a origem do som fosse de alguma espécie marinha. Numa entrevista para a CNN décadas atrás, ele mencionou que “há muitas coisas fazendo barulho lá embaixo. Baleias, golfinhos e peixes, os estrondos da Terra”. 

Entretanto, cruzando o som com registros de outros animais subaquáticos, cientistas nunca encontraram uma espécie que fosse capaz de produzir o tal “Bloop”. Por isso houve especulações de que poderia ser de uma criatura ainda não registrada. Coincidentemente, Fox também deu uma sugestão que anos depois no futuro se mostrou a mais correta. “Acho que pode estar relacionado à formação de gelo”, acrescentou. “Sempre vem do sul. Suspeitamos que seja gelo na costa da Antártica e, nesse caso, é muito barulhento.”.

Ao longo dos próximos anos a NOAA viria detectar vários outros sons semelhantes ao “Bloop”. Alguns deles até ajudaram os cientistas a rastrear icebergs desintegrando no oceano. O Laboratório Ambiental Marinho do Pacífico, que pertence ao NOAA, explica que “o amplo espectro de sons gravados no verão de 1997 é consistente com os terremotos gerados por grandes icebergs à medida que eles quebram e fraturam”.

“Os terremotos de gelo têm amplitude suficiente para serem detectados em vários sensores a um alcance de mais de 5.000 km. Com base no azimute de chegada, o(s) iceberg(s) que geraram o ‘Bloop’ provavelmente estavam entre o Estreito de Bransfield e o Mar de Ross, ou possivelmente no Cabo Adare, uma fonte bem conhecida de sinais criogênicos.”

Uma lista com todos os sons gravados em 1997 pode ser acessada numa página antiga da NOAA que ainda se encontra ativa. Cliquem aqui para conferir.