O buraco negro é um dos fenômenos que mais intriga astrofísicos pelo mundo. Uma região cujo campo gravitacional é tão forte que nenhuma partícula ou onda consegue escapar dela, inclusive a luz. Já fazem alguns anos que cientistas liderados pela astrofísica Lia Medeiros conseguiram fotografar pela primeira vez um buraco negro e agora, no Chile, outro grupo de astrônomos fez outra fantástica descoberta: o objeto mais luminoso do universo. O achado foi publicado na revista Nature Astronomy.

J0529-4351, o objeto mais luminoso do nosso Universo

Representação artística do J0529-4351. Imagem: European Southern Observatory

O objeto encontrado já havia sido registrado há alguns anos, porém apenas com dados, o J0529-4351 que possui uma massa equivalente a 17 bilhões de vezes a do sol do nosso sistema. Porém foi apenas agora como Very Large Telescope – sim, este é o nome do telescópio – no Chile que os astrônomos conseguiram determinar sua magnitude. Segundo eles, o quasar consome diariamente uma quantidade de massa que formaria o nosso Sol. 

Christian Wolf, a autora principal do artigo e pesquisadora na Escola de Astronomia e Astrofísica da Universidade Nacional da Austrália, deu uma entrevista recente à  BBC News onde ela comentan sobre a descoberta da sua equipe. 

“Descobrimos um objeto que anteriormente não havia sido reconhecido por aquilo que é; ele estava olhando para nós por muitos anos porque tem brilhado por mais tempo do que a humanidade provavelmente existe. Mas agora o reconhecemos, não como sendo uma das muitas estrelas em primeiro plano em nossa Via Láctea, mas como um objeto muito distante”

À medida que quasares capturam outros corpos coletes, o material é acelerado ao redor do buraco negro que o alimenta e despadaça todo o material. Esse processo emite uma enorme quantidade de luz que pode ser enxergada mesmo nas distâncias cósmicas do Universo. Portanto, mesmo estando muitíssimo longe, o J0529-4351 ainda é visível para nós aqui na Terra. Mas muitíssimo nem chega perto de descrever a real distância que a luz percorreu entre o J0529-4351 até o nosso sistema solar. Foram necessários 12 bilhões de anos para que a sua emissão pudesse ser detectada pelo Very Large Telescope.

Quasar “come” um sol por dia

Rachel Webster, professora de Física na Universidade de Melbourne e que colaborou também no artigo, comenta que o que mais espanta no J0529-4351 é a quantidade de material que o buraco negro digere por dia. Toda essa massa solar é o que faz dele o objeto mais luminoso encontrado até o momento.

A luminosidade gerada também ocorre numa taxa espantosa. Segundo os cálculos da equipe de Wolf e Webster, ela teria o equivalente de mais de 500 trilhões de sóis. Somente o disco de acreção quente, a região luminosa que circunda o buraco negro, teria sete anos-luz de diâmetro. Para se ter uma noção, isso daria 15 mil vezes a distância de Netuno, o oitavo planeta do nosso sistema solar, até o Sol.

Os autores relatam que descobertas recentes mostram que todas as galáxias parecem ter algum objeto supermassivo em seu núcleo, ou seja, tais objetos  são fundamentais para se entender a formação delas. Sem os buracos negros ne mesmo a nossa galáxia seria como é hoje. Contudo ainda existem muito mais perguntas do que respostas no que tange a origem do nosso universo. Cientistas ainda não sabem explicar como os buracos negros ficaram tão grandes em tão pouco tempo, dentro da escala cósmica. Algumas teorias estão sendo formuladas, mas nada ainda é conclusivo.