Dois átomos de hidrogênio e um átomo de oxigênio, essa a fórmula da molécula mais conhecida por todas as pessoas, a água. De todos os elementos que encontramos pelo universo ela é a mais essencial, afinal a maior parte das formas de vida que a humanidade conhece depende dela para existir. Portanto, ao olhar para o espaço, os cientistas estão sempre buscando indicativos da presença de água como uma forma de se determinar se há vida lá fora. E não é a primeira vez que cientistas encontram água em outros corpos celestes no espaço.
Já existem vários registros sobre a existência de água pelo universo. Recentemente, amostras do asteroide Bennu revelaram que além de rico em carbono ele contém grandes quantidades de água. Em 2022, cientistas encontraram evidências de água num corpo celestial a beira do Sistema Solar. Por fim temos Marte, um dos planetas que a humanidade mais observa, também possui indícios de ter havido água na sua superfície bilhões de anos atrás.
Apesar de todas essas descobertas, a água segue como um elemento raro fora do nosso planeta e por isso cada nova evidência de sua existência para além da Terra causa grande comemoração. E dessa vez, olhando para mais um cinturão de asteroides, pesquisadores conseguiram determinar a existência de água na superfície de pelo menos dois deles.
A recente descoberta não foi feita por um grupo de cientistas de um único instituto. Pelo contrário, os resultados são graças a colaboração de pesquisadores de várias instituições espalhadas pelo Estados Unidos. O estudo já foi publicado na The Planetary Science Journal, sendo a autora principal a Dra. Anicia Arredondo do Southwest Research Institute de San Antonio, Texas.
Para validar sua descoberta, os pesquisadores utilizaram dados obtidos do Observatório Estratosférico Para Astronomia Infravermelha, conhecido como SOFIA, um telescópio desenvolvido em parceria da NASA e o Centro Aeroespacial Alemão. SOFIA teve o fim das suas atividades decretado em 2022, mas os dados coletados ainda se mostram de grande importância.
Os cientistas analisaram quatro asteroides de silicato seco: Iris, Parthenope, Melpomene e Massalia. Como estes asteroides se formaram próximos do Sol, não se esperava encontrar qualquer indício de água neles. O motivo de estarem estudando especificamente esses asteroides é que historicamente esses corpos celestes vem ajudando no entendimento do Sistema Solar, principalmente na forma como os planetas evoluíram.
Como cientistas encontraram água na superfície dos asteroides
Segundo a Dra. Arredondo, a equipe encontrou características que algumas vezes são atribuídas às moléculas de água em dois dos asteroides, Iris e Massalia. Eles se basearam num estudo anterior onde um grupo de cientistas encontrou indícios de água na superfície iluminada pelo Sol na Lua. Assim, com os dados coletados pelo SOFIA eles esperavam encontrar uma assinatura espectral em outros corpos pelo espaço.
Algo que dificultou muitas das observações anteriores ao estudo da equipe da Dra. Arredondo é que por vezes os cientistas não conseguem distinguir se o elemento detectado é de fato água ou então hidroxila. Este é um parente químico bem próximo da água, porém possui um único átomo de hidrogênio ligado ao de oxigênio.
Contudo, dessa vez eles foram capazes de eliminar a dúvida e estimaram que há cerca de 350ml de água para cada metro cúbico do solo do asteroide, valor próximo aos encontrados na Lua também com o SOFIA. “Da mesma forma, nos asteroides, a água também pode estar ligada a minerais, bem como adsorvida ao silicato e aprisionada ou dissolvida em vidro de impacto de silicato.”, afirma a Dra. Arredonda.
Com essas observações, os cientistas esperam que a descoberta colabore para determinar como que moléculas de água chegaram à Terra durante a sua formação. Além disso, essa informação também pode se mostrar útil para determinar se tais moléculas também foram levadas para planetas habitáveis fora do Sistema Solar.