Um estudo recente despertou o interesse da comunidade científica, revelando um uso novo e ecologicamente correto para um subproduto aparentemente inútil da babosa: as cascas da planta.
Embora a babosa seja elogiada por seu gel terapêutico, que alivia doenças de pele e queimaduras, suas cascas têm sido amplamente ignoradas e descartadas. No entanto, os pesquisadores argumentam que essas cascas descartadas possuem poderosas qualidades repelentes de insetos que poderiam ajudar a proteger as plantações de alimentos contra pragas.
Em uma época em que até 40% da produção global de culturas é comprometida por pragas, essa descoberta feita por uma equipe liderada por Debasish Bandyopadhyay, professor assistente de química, oferece um benefício em potencial para a segurança alimentar.
“É provável que milhões de toneladas de cascas de aloe vera sejam descartadas globalmente todos os anos”, diz Debasish Bandyopadhyay, em um comunicado. “Queríamos encontrar uma maneira de agregar valor e torná-los úteis.”
A equipe de Bandyopadhyay, da University of Texas Rio Grande Valley, apresentou suas descobertas em uma reunião recente da American Chemical Society, chamando a atenção para as propriedades inseticidas dos extratos de casca de aloe vera.
Tradicionalmente consideradas nada mais do que resíduos agrícolas, a pesquisa da equipe sugere que essas cascas contêm fitoquímicos prejudiciais às pragas, mas seguros para o manuseio humano e para as plantas.
“Os insetos podem ser prejudicados ou mortos por substâncias naturais contidas nas cascas de babosa”, disse Bandyopadhyay. “A exposição a esses compostos pode causar desconforto, doenças ou até mesmo perturbações na capacidade de um inseto viajar, comer e se reproduzir”.
Esses benefícios poderiam não apenas simplificar o cultivo de aloe vera, reduzindo o desperdício, mas também apoiar práticas agrícolas sustentáveis, fornecendo uma alternativa natural aos pesticidas químicos. À medida que a busca para atingir as Metas de Desenvolvimento Sustentável da ONU continua, essas soluções inovadoras representam um passo positivo em direção à sustentabilidade.
“Provamos que os extratos derivados das cascas de [aloe vera] atuam como um impedimento alimentar e, eventualmente, matam as pragas agrícolas”, disse Bandyopadhyay ao SciDev.Net.
Benefícios financeiros da agricultura inovadora
Há um interesse cada vez maior em integrar a agricultura orgânica e os medicamentos à base de plantas à corrente principal, devido ao seu potencial de melhorar significativamente a economia. A expectativa é que estas descobertas possam resultar em uma ampla substituição de produtos químicos sintéticos por métodos orgânicos em várias fazendas que cultivam culturas essenciais, como arroz, trigo, milho e painço.
Foi demonstrado que o uso de pesticidas sintéticos tem vários impactos negativos, que incluem efeitos prejudiciais à saúde humana e contaminação ambiental, além de levar a um aumento na resistência a pragas. Por outro lado, os pesticidas provenientes de plantas representam uma solução econômica e ambientalmente benigna. Essas alternativas oferecem um meio de proteger a saúde humana, preservar a integridade ecológica e aumentar a produtividade das culturas.
Os estudos atuais abrem caminho para uma maior exploração da eficácia das plantas medicinais tradicionais. Essa área de pesquisa é promissora para descobrir a validação científica das características vantajosas atribuídas a essas plantas.
