O Presidente Lula anunciou o primeiro Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA), um projeto de grande escala que visa impulsionar o desenvolvimento e a aplicação da IA no país. O plano, apresentado durante a 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação em Brasília, reflete a ambição do governo de posicionar o Brasil como líder em IA, fomentando a inovação e buscando soluções para desafios nacionais em áreas como saúde, educação e meio ambiente.
Um plano ousado para o futuro da IA no Brasil
O PBIA, que recebeu o título “IA para o bem de Todos”, foi elaborado ao longo de cinco meses pelo Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia (CCT), com a participação de mais de 300 especialistas e 117 instituições. O plano prevê um investimento de R$ 23 bilhões até 2028, um montante comparável aos investimentos da União Europeia no setor.
“O dia de hoje é extremamente significativo para o Brasil”, declarou o Presidente Lula durante a cerimônia de lançamento. Enfatizando a necessidade do país se tornar menos dependente de outros países em termos de tecnologia, Lula afirmou: “O Brasil precisa aprender a voar”.
Cinco eixos para impulsionar a IA
O PBIA está estruturado em torno de cinco eixos principais:
- Infraestrutura: Criação de um ecossistema robusto de IA, incluindo a atualização do supercomputador Santos Dumont do Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC) para alcançar uma capacidade de processamento de 17 petaflops/s, colocando-o entre os cinco mais poderosos do mundo.
- Formação: Desenvolvimento de talentos em IA por meio da criação de cursos de graduação, oferta de bolsas de pesquisa e formação de educadores.
- Serviços Públicos: Melhoria da eficiência e qualidade dos serviços públicos com a implementação de soluções de IA em áreas como saúde, gestão pública e educação.
- Inovação Empresarial: Estímulo à inovação no setor privado com a criação de um fundo de investimentos para startups de IA e incentivos para a pesquisa e desenvolvimento em empresas.
- Regulação: Estabelecimento de um arcabouço regulatório para garantir o uso ético, responsável e transparente da IA, incluindo a criação de um guia para IA Ética e Responsável e um Observatório Brasileiro de Inteligência Artificial.
Além das ações estruturantes de longo prazo, o PBIA também prevê 31 ações de impacto imediato, com um orçamento de R$ 435 milhões, para atender a demandas urgentes. Essas ações visam solucionar problemas específicos em áreas prioritárias, como saúde, agricultura, meio ambiente e educação.
Alguns exemplos de ações de impacto imediato incluem:
- Desenvolvimento de um sistema de IA para auxiliar na tomada de decisões relacionadas à compra de medicamentos pelo SUS.
- Utilização de IA para quantificar o estoque florestal da Amazônia.
- Otimização do sistema financeiro de habitação com IA.
- Implementação de IA para apoiar professores e gestores escolares na avaliação de alunos, com foco na alfabetização.
Soberania e desenvolvimento tecnológico nacional
O PBIA enfatiza a importância da soberania e autonomia tecnológica do Brasil. “Nós vamos ter os nossos dados”, declarou a ministra da Ciência e Tecnologia, Luciana Santos. O plano visa reduzir a dependência de grandes empresas de tecnologia estrangeiras, as big techs, que, segundo o Presidente Lula, coletam dados brasileiros “sem pedir licença, sem pagar imposto”.
Um futuro promissor para a IA no Brasil
O lançamento do PBIA marca um passo significativo para o desenvolvimento da IA no Brasil. O plano é ambicioso e abrangente, buscando não só impulsionar a pesquisa e inovação, mas também garantir que a IA seja utilizada de forma ética e responsável para o benefício de toda a sociedade.
Resta saber como o plano será implementado e quais serão os resultados concretos nos próximos anos. A comunidade científica e tecnológica brasileira se mostra otimista, mas reconhece que o sucesso do PBIA dependerá do compromisso do governo, da participação do setor privado e da conscientização da sociedade sobre o potencial e os desafios da inteligência artificial.