Na história dos grandes impérios da humanidade, sobretudo os mais antigos, poucos são tão famosos e comentados, seja na arqueologia ou na indústria do entretenimento, como o Império Romano. Do seu início até o seu fim no século V, a história dos romanos segue sendo centro de muitos estudos, ainda mais com novas descobertas arqueológicas que se fazem todos os anos.
Uma das mais recentes foi feita em Israel, onde arqueólogos da Autoridade de Antiguidades de Israel (IAA, Israel Antiquities Authority) encontraram uma antiga fortaleza romana que teria sido guarnecida pela Legio VI Ferrata, cuja tradução seria Sexta Legião Encouraçada. Conhecida também como Fidelis Constants, “leal e firme”, alguns detalhes sobre sua história não são tão claros.
O que se tem de concreto sobre a Legio VI Ferrata é que inicialmente ela foi criada por Júlio César durante suas campanhas na Gália. A legião também teria acompanhado o imperador romando pela Alexandria quando havia as disputas entre Cleópatra e seu irmão Ptolomeu XIII em 47 a.C. Anos depois, em 30 a.C, a Legio VI Ferrata foi incorporada ao exército do imperador Augusto em 30 a.C. Durante o século I, ela recebeu ordens do imperador para guarnecer a província da antiga Judeia. Estima-se que o exército permaneceu na região até algum momento do século IV.
Os arqueólogos encontraram uma fortaleza romana que teria pertencido a Legio VI Ferrata nas escavações da base de Tel Megiddo. Estima-se que a construção deve ter 1.800 anos, e até o momento a equipe já identificou a Via Pretoria, a estrada central que ficava dentro dos acampamentos romanos, e parte de um edifício monumental. Ele contém um pódio em formato semicircular e também algumas áreas pavimentadas com pedras.
Um dos arqueólogos da IAA, o Dr. Yotam Tepper, dá alguns detalhes sobre a descoberta. “Duas estradas principais se cruzam no centro do acampamento, que deveria ter 550 metros de comprimento e 350 metros de largura. Foi a partir deste ponto de base que todas as distâncias ao longo das estradas imperiais romanas até as principais cidades do norte do país foram medidas e usadas como marcos quilométricos”.
De acordo com a equipe, a base militar da Legio VI Ferrata seria capaz de abrigar cerca de 5.000 soldados romanos que ficaram na região por vários séculos. Além disso, existem muitos acampamentos militares romanos que são amplamente documentados em Israel. Em sua maioria eles consistiam em acampamentos temporários feitos para cercos ou então que eram auxiliares de outras divisões. Porém, de acordo com o Dr. Tepper, essa nova descoberta em Tel Megiddo seria de uma fortaleza muito mais complexa e um dos primeiros exemplos encontrados de construções para ocupação permanente na região.
Nas escavações da fortaleza romana, a equipe do Dr. Tepper também descobriu uma variedade de artefatos, desde militares até aqueles para uso doméstico. Dentre eles se encontram moedas, fragmentos de armas, cerâmica e vidros, além de uma enorme quantidade de telhas. Nesse último caso, o Dr. Tepper acrescenta que as telhas foram carimbadas com os selos da própria Legio VI Ferrata. Além dos telhados dos edifícios romanos, essas telhas eram utilizadas para pavimentar os pisos e revestir as paredes.
Todas as telhas encontradas tem indícios das tecnologias e das técnicas associadas especificamente ao Império Romano. Muitas das descobertas que se fazem sobre a história da Roma Antiga ao redor do mundo se dão por artefatos deixados pelos militares nas regiões que ocuparam, como um antigo diploma descoberto na Turquia dois anos atrás.
Até o momento, os arqueólogos da IAA não publicaram nenhum estudo descrevendo suas descobertas em Tel Megiddo. Mais informações sobre a fortaleza podem ser encontradas no site da IAA.