Ao longo dos séculos, a atividade humana tem exercido um impacto significativo no meio ambiente e na vida de outras espécies. O desmatamento, a poluição, a urbanização e a exploração desenfreada dos recursos naturais são alguns dos fatores preponderantes para a crise climática e ambiental que o mundo enfrenta. Nesse contexto, a ameaça de extinção está piorando para os animais migratórios e a “humanidade” tem levado as espécies ao limite.
Em contrapartida, ações humanas efetivas em relação ao esforço de conservação mostram que é possível trazer os animais de volta da quase extinção, como o antílope Saiga e a baleia jubarte. Algumas medidas são extremamente importantes para evitar o pior cenário – mas devem ser colocadas em prática rápido.
Espécies em perigo de extinção
O relatório divulgado na conferência das Nações Unidas sobre conservação da vida selvagem em Samarcanda, no Uzbequistão, revelou que mais de uma em cada cinco espécies de animais migratórios consideradas necessitadas de proteção internacional estão agora em perigo de extinção.
Desse modo, a influência das ações humanas está empurrando várias espécies migratórias até seus limites. Contudo, esse cenário não é completamente desanimador, pois também indica que medidas tangíveis podem ser adotadas para garantir a sobrevivência dessas espécies no futuro.
O primeiro levantamento abrangente desse tipo sobre os animais migratórios em todo o mundo revela não apenas resultados desoladores, mas também destaca algumas histórias de sucesso.
Torna-se então evidente que ainda há tempo para intervir e fazer a diferença. No entanto, é fundamental agir rapidamente, pois o relógio está correndo para muitos dos bilhões de animais que realizam suas migrações anualmente.
Os animais migratórios ajudam outros animais – inclusive os humanos
Não apenas em seus próprios ecossistemas, mas também em benefício de outras espécies, incluindo os seres humanos, os animais migratórios desempenham um papel crucial ao longo de suas jornadas.
Durante suas migrações, esses animais podem ser responsáveis por diversas funções vitais, como a polinização de plantas, a disseminação de sementes e o controle de pragas.
Alguns também desempenham um papel fundamental na mitigação das mudanças climáticas, agindo como sumidouros de carbono, o que ajuda a reduzir os efeitos do aquecimento global.
Por conta desses importantes “serviços ecossistêmicos”, cerca de 1.189 espécies foram oficialmente identificadas como necessitando de proteção internacional nos termos da Convenção sobre a Conservação das Espécies Migratórias de Animais Selvagens (CMS).
Entre essas espécies, cerca de 44% estão enfrentando declínios populacionais, conforme revelado pelo novo relatório preparado por cientistas conservacionistas do Centro de Monitoramento da Conservação Global do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente.
Aproximadamente 22% dessas espécies estão em risco iminente de extinção, sendo que os peixes estão particularmente vulneráveis, enfrentando uma situação ainda mais crítica do que outras espécies.
O tubarão-seda, por exemplo, é uma das espécies de tubarão mais capturadas globalmente, seja por captura acidental em redes de pesca ou por sua carne e barbatanas.
“Lista Vermelha”
Desde 1988, aproximadamente 70 espécies listadas na CMS foram movidas para categorias mais críticas na “Lista Vermelha” da IUCN. Um exemplo é o abutre do Egito, agora classificado como “em perigo” pela IUCN.
Essas aves, historicamente consideradas símbolos de saúde e primavera, estão perdendo habitat para o desenvolvimento urbano e agrícola em várias regiões, incluindo Europa, África e Ásia. Sua população diminuiu drasticamente a partir de 1999, especialmente na Índia, onde a administração de medicamentos veterinários pode estar contribuindo para seu declínio.
Ameaças a todos os animais migratórios
A “superexploração”, que ocorre quando os humanos caçam, pescam ou capturam animais em excesso, junto à perda de habitat são as principais ameaças aos animais migratórios. A poluição, incluindo poluentes químicos, plásticos, ruído e luz, pode prejudicar as rotas de migração e confundir os animais, levando-os à morte.
As mudanças climáticas exacerbam essas ameaças, causando erosão costeira, subida do nível do mar e temperaturas mais altas que afetam diretamente o ciclo de vida de espécies como as tartarugas marinhas, levando a desequilíbrios de gênero nas populações.
As soluções para esses desafios não estão além da capacidade humana. A implementação de luzes de rua ajustáveis e acionadas por sensores de movimento, bem como a adoção de luzes LED mais suaves, pode reduzir os impactos da poluição luminosa sobre a vida selvagem. Além disso, a transição para fontes de energia limpa pode mitigar a poluição responsável pelas mudanças climáticas.