Pesquisadores descobriram que aproximadamente 200 meteoritos marcianos encontrados na Terra podem ser rastreados até cinco crateras de impacto específicas em Marte. Essa descoberta, publicada na revista Science Advances por pesquisadores da Universidade de Alberta (UA), marca um avanço significativo na nossa compreensão da história geológica de Marte e dos processos que trazem rochas extraterrestres ao nosso planeta.
Tentativas anteriores de identificar as origens dos meteoritos marcianos baseavam-se na correspondência espectral, uma técnica que se mostrou pouco confiável devido à vasta distância e à superfície empoeirada de Marte. No entanto, o novo estudo emprega modelos aprimorados de física marciana e dados de sensoriamento remoto para identificar as fontes dos meteoritos com precisão sem precedentes.
Chris Herd, coautor do estudo, professor de ciências da terra e atmosféricas e curador da Coleção de Meteoritos da UA, descreve isso como um “grande avanço” que “desbloqueou a capacidade de revisar cálculos anteriores e limitados.”
Impacto, ejeção e identificação de crateras em Marte
Contrariando a crença popular, impactos massivos nem sempre são necessários para propulsar rochas de Marte para a Terra. O estudo revela que mesmo impactos que criam crateras tão pequenas quanto 8 quilômetros de diâmetro podem gerar força suficiente para superar a gravidade marciana. Com velocidades de ejeção chegando a 5 km/s, essas rochas podem escapar da atmosfera marciana, entrar em órbita solar e eventualmente chegar à Terra.
“Eu chamo isso de elo perdido – ser capaz de dizer, por exemplo, as condições sob as quais esse meteorito foi ejetado foram atendidas por um evento de impacto que produziu crateras entre 10 e 30 quilômetros de diâmetro”, explica Herd.
A equipe de pesquisa identificou duas regiões vulcânicas em Marte – Tharsis e Elysium – como as prováveis fontes dos meteoritos estudados. Cinco crateras dentro dessas regiões são consideradas responsáveis por ejetar as rochas que eventualmente chegaram à Terra.
“Agora, podemos agrupar esses meteoritos por sua história compartilhada e, em seguida, pela sua localização na superfície antes de chegar à Terra”, afirma Herd, destacando a importância dessa descoberta.
Implicações para a cronologia marciana
Essa nova capacidade de rastrear meteoritos marcianos para locais específicos no Planeta Vermelho abre possibilidades empolgantes para revisar nossa compreensão da linha do tempo geológica de Marte. Pesquisadores agora podem começar a reconstruir a estratigrafia vulcânica marciana – o registro da história do planeta visto através de suas camadas geológicas.
“Isso mudará fundamentalmente a forma como estudamos meteoritos de Marte”, finaliza Herd.