A melhor forma de procurar por diamantes pode ser, na verdade, através de uma gema muito menos procurada – ou seja, não procurando pelos diamantes em si. Cientistas realizaram um novo estudo e descobriram uma importante correlação de ocorrência entre os dois minerais.

O estudo foi realizado por Geólogos da ETH Zurich e da Universidade de Melbourne e publicado em aceso aberto no início de novembro de 2023 no periódico Nature Communications.

Como se encontrar diamantes?

Coisas caras são caras por algum motivo. Assim, os diamantes são caros por seus motivos: são muito raros, difíceis de encontrar e eles brutos não são muito bonitos, então há o trabalho de lapidá-los. Enquanto há mercado, há quem atue na mineração, mas é um serviço bastante chato.

“Os produtores de diamantes às vezes gostariam de estar minerando ouro, cobre ou alguma outra matéria-prima, porque nada é tão complicado quanto encontrar e minerar diamantes”, diz em um comunicado Andrea Giuliani, cientista sênior do Instituto de Geoquímica e Petrologia da ETH Zurique. “Não há nenhum método que garanta que você encontrará diamantes”.

Hoje, para se encontrar diamantes, os pesquisadores procuram por kimberlitos. O grupo de rochas é de origem ígnea, ou seja formado por magma. Essas rochas ocorrem em blocos continentais extremamente antigos com quase nenhuma alteração geológica por bilhões de anos.

Essas rochas são altamente associadas aos diamantes. Às vezes os diamantes estão dentro do kimberlito.

“Procurar um kimberlito é como procurar uma agulha em um palheiro”, diz Giuliani. “Depois de encontrá-lo, a árdua busca por diamantes realmente começa”.

A melhor forma de procurar por diamantes

Giuliani pesquisa, desde 2015, a ocorrência dos diamantes. Analisando a ocorrência dos diamantes, ele buscou por padrões que tornassem mais fácil a identificação de locais onde há diamantes.

Assim, o pesquisador notou que por utilizar a decomposição química dos kimberlitos para descobrir onde há diamantes. Eles encontraram a melhor forma de procurar por diamantes.

Um dos componentes do kimberlito é um grupo de minerais chamados de olivina, que são, basicamente, silicatos de ferro e de magnésio. Se há muito ferro, há pouco magnésio e vice-versa.

Pedaços de olivina extraídos pelos pesquisadores O mineral faz parte do processo da melhor forma de procurar por diamantes. Imagem: ETH Zurich / Andrea Giuliani.

“Em amostras de rocha onde a olivina era muito rica em ferro, não havia diamantes ou apenas muito poucos”, diz Giuliani. “Começamos a coletar mais amostras e dados, e sempre obtivemos o mesmo resultado”.

Ou seja, analisar a proporção entre ferro e magnésio da olivina pode acusar, aos pesquisadores, o quanto de diamante há associado ao kimberlito.

Para entender as razões disso ocorrer, eles analisaram o histórico geológico de diversas amostras de kimberlito ao longo do tempo. No manto terrestre, a infiltração de um material fundido no kimberlito, torna-o rico em fero. Esse ferro destrói os diamantes presentes na rocha.

Se não há esse material fundido reagindo com a rocha, não há metasomatismo (substituição, por efeitos magmáticos, de um material por outro). Assim, a olivina conterá mais magnésio, e os diamantes permanecerão preservados no kimberlito.

“Nosso estudo mostra que os diamantes permanecem intactos apenas quando os kimberlitos entram em fragmentos do manto em seu caminho que não interagiram extensivamente com o derretimento anterior”, explica Giuliani.

Outra característica, é que os kimberlitos geralmente sobem para a superfície aos poucos, como uma massa líquida, levando fragmentos do manto. Ao longo do caminho, esse material esfria. Logo, mais rocha derretida o atinge e joga mais para cima. Isso também é destrutivo para os diamantes.

Se houver alguma condição geológica que permita que os kimberlitos subam direto para a superfície, esses diamantes ficam mais preservados.

A relação da ocorrência dos diamantes com o teor de ferro ou magnésio nas olivinas se provou tão confiável que a De Beers, uma empresa do ramo de mineração de diamantes, que apoiou financeiramente o estudo, já está utilizando o novo método, que se provou mais fácil e rápido.

“O bom desse novo método não é apenas que ele é mais simples, mas também que finalmente nos permite entender por que os métodos anteriores funcionavam”, explica Giuliani.