Armas nucleares anti-satélite (ASAT) baseadas no espaço são dispositivos nucleares projetados para serem detonados no espaço próximo à órbita terrestre, com o objetivo de destruir ou incapacitar satélites inimigos. Estas armas são consideradas parte de uma categoria mais ampla de armas nucleares espaciais.

Historicamente, houve alguns programas de desenvolvimento de armas ASAT baseadas no espaço durante a Guerra Fria, principalmente pelos Estados Unidos e União Soviética. Essas armas foram concebidas para neutralizar a capacidade de comunicação e vigilância do inimigo, tornando seus sistemas de defesa e ataque menos eficazes.

Na última terça-feira (20), a Reuters divulgou um relatório no qual afirma que uma fonte próxima disse que os Estados Unidos acreditam que Moscou está desenvolvendo uma bomba nuclear espacial cuja detonação poderia derrubar os satélites que sustentam a infraestrutura crítica do país americano, incluindo comunicações militares e serviços de telefonia móvel – o que resultaria em caos total.

Segundo o governo estadunidense, a suposta arma ainda não foi usada. No entanto, ela ficaria baseada no espaço e estaria equipada com uma arma nuclear para atingir satélites.

Briga entre Washington e Moscou alerta sobre armas nucleares espaciais

A Rússia negou as acusações dos Estados Unidos de que estaria desenvolvendo armas nucleares espaciais anti-satélite para o espaço. O presidente Vladimir Putin declarou que o governo russo é firmemente contrário ao uso de armas nucleares no espaço.

Ele também acusou a administração dos Estados Unidos de tentar assustar os legisladores para obter apoio para um novo pacote de ajuda à Ucrânia. As preocupações sobre os avanços nucleares da Rússia surgiram quando Mike Turner, presidente do Comitê de Inteligência da Câmara dos Estados Unidos, alertou para uma séria ameaça à segurança nacional relacionada às capacidades espaciais da Rússia.

Posteriormente, o presidente Joe Biden comentou que parece que Moscou está desenvolvendo uma arma anti-satélite, mas destacou que isso não representa uma ameaça nuclear imediata para o povo americano. Biden expressou esperança de que a Rússia não vá realmente implantar essa arma.

Kari Bingen, diretora do projeto de segurança aeroespacial e membro sénior do programa de segurança internacional do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais disse que “O espaço é parte integrante da nossa vida cotidiana, quer percebamos ou não”.

Danos “indiscriminados”

Uma arma espacial poderia causar o caos para os Estados Unidos, que dependem de satélites. Imagem: Canva

O uso de armas nucleares espaciais pode causar danos indiscriminados, pois são capazes de gerar estragos nos sistemas dos quais as pessoas dependem no dia a dia, como serviços de pagamentos, navegação GPS e até mesmo clima.

Desse modo, uma bomba nuclear posicionada tanto na Terra quanto no espaço tem o potencial de gerar um pulso eletromagnético maciço, também conhecido como onda elétrica, capaz de danificar satélites e desativar sistemas eletrônicos.

Além disso, a liberação de radiação no campo magnético terrestre devido às armas nucleares espaciais poderia gradualmente deteriorar satélites espaciais ao longo do tempo.

Por sorte, é pouco provável que essa radiação cause danos diretos aos seres humanos. “É uma arma indiscriminada. A detonação seria omnidirecional” [que ocorre em todas as direções simultaneamente, resultando em uma distribuição uniforme de energia ao redor do ponto de detonação], disse Bingen.

Próxima fronteira geopolítica – o espaço

O espaço está se tornando cada vez mais importante no cenário geopolítico, sendo agora uma nova área de competição militar e disputas entre nações.

Os gastos com defesa espacial atingiram cerca de US$ 54 bilhões em 2022, um aumento em relação aos US$ 45 bilhões do ano anterior, conforme dados da organização sem fins lucrativos Space Foundation dos Estados Unidos.

Uma revisão da política espacial da OTAN em 2021 destacou que um ataque ao espaço, a partir do espaço ou dentro do espaço seria considerado uma ameaça clara para a aliança, podendo resultar na invocação do Artigo 5º, que trata da defesa mútua.