Um estudo recente publicado na revista Current Biology revelou que renas têm a capacidade de dormir enquanto mastigam, uma habilidade que pode ser vantajosa durante os meses de verão, quando estes animais passam grande parte do tempo alimentando-se. Esta prática é essencial, pois o alimento torna-se escasso no inverno.

A equipe de pesquisa conjectura que a ruminação pode compensar uma parcela significativa da necessidade das renas por descanso.

A pesquisa utilizou eletrodos não invasivos para monitorar a atividade cerebral de quatro renas fêmeas adultas. As medições de EEG foram coletadas durante a constante escuridão do inverno, a luz perene do verão e a alternância natural de dia e noite no outono.

Os dados demonstraram que as renas desfrutavam de uma quantidade constante de sono em todas as estações, com uma distribuição uniforme entre as fases do sono, incluindo o sono REM e o não-REM. Em experimentos adicionais em que o sono das renas foi interrompido por períodos de duas horas, observou-se um aumento na atividade cerebral de ondas lentas, indicativo de sono reparador necessário.

“Isso indica que o cérebro da rena tem uma ‘ideia’ de quanto sono a rena precisa para funcionar bem – assim como o nosso”, disse a Professora Gabriela Wagner, do Instituto Norueguês de Pesquisa em Bioeconomia na Noruega que participou do estudo. “Isso não acontece com todos os animais.”

No entanto, após sessões de mastigação, esta atividade cerebral de ondas lentas diminuiu, sugerindo que o estado de sonolência diminuía.

Segundo as pesquisadoreas, analisando tanto o EEG quanto observações comportamentais, percebeu-se que durante a ruminação as renas entravam em um estado semelhante ao sono não-REM.

“Foi o oposto do que vimos quando os mantivemos acordados”, disse a Dra. Melanie Furrer, primeira autora do estudo da Universidade de Zurique.

Em média, foi constatado que as renas passavam a mesma quantidade de tempo neste estado de sonolência induzido pela mastigação, independentemente da estação do ano – condição provavelmente influenciada pelo ambiente controlado do estudo, onde alimentos de fácil digestão eram fornecidos. No entanto, renas que ruminavam mais, apresentavam menor necessidade de sono não-REM adicional.

As descobertas podem ter implicações significativas para as renas selvagens, especialmente durante o verão curto, em que necessitam permanecer ativas por períodos estendidos para consumir comida suficiente e acumular gordura, antecipando os meses de inverno quando os recursos são limitados.